quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Meninas de hoje

Ei, este texto não é sobre o que você está pensando que é, seu sacana.

Outro dia, eu estava fazendo meu jogging usual nas esteiras do Cagin, assistindo ao filme do Austin Powers no Boomerang, quando entram os comerciais. E devo dizer, eles davam muito destaque à dois certos programas: um trata sobre uma jovem que está a ser paquerada por um zumbi que faz parte de uma banda (?), outro sobre uma menina que tem uma banda e leva uma vida menina normal/roqueira famosa (ao estilo Hanna Montana).

Beleza, beleza. Então, alguém pode me explicar qual é a dessa geração? Digo, Crepúsculo e Hanna Montana, Vampire Diaries e sei lá mais o quê. Na minha época, os desenhos eram A Vaca e o Frango, Laboratório de Dexter e Meninas Superpoderosas; todos desenhos ganhadores de Emmys, ok?. Agora, é novela mexicana, soap opera americana e romance de revistaria. Todos porqueiras inveteradas, ok?

As meninas andam descontentes consigo mesmas? Elas não aceitam mais a sua normalidade? Isso não é novidade. Digo, agora a fuga da realidade é o novo infantil. Querem uma fórmula de sucesso? Menina palerma recebe de presente e embrulhado o extraordinário. Opa, descrevi todas as séries de sucesso da atualidade, ou é impressão a minha? O extraordinário vêm na forma de um homem ideal (um vampiro belo e perfeito, que nem sequer tem mais que se esconder do sol ou beber sangue humano, pois não queremos ter de nos preocupar com qualquer empecilho de fato para o romance dos protagonistas.) ou na forma de uma carreira surreal (simples estudante de dia, rockstar de noite; tarefa de casa pra quê?). Note-se que em nenhum dos casos o resto das amizades da menina sabe do que de fato se passa na vida da moça; não sabem que o homem que vêm chupando seus lábios se amarra mesmo é em chupar seu sangue, ou que o motivo de ela voltar tarde da noite de peruca e cheia de purpurina não é prostituição, mas sim uma inocente carreira de super astro, o que nos remete àquela velha máxima: mulheres adoram seus segredinhos.

Sério, qual é? O entra dia sai dia é marasmo demais? Falta emoção? Vocês tem sido cortejadas pelos homens errados? Tenho que admitir, Príncipe Encantado hoje em dia tá difícil (mas oh, aproveitem enquanto eu ainda estou solteiro). Eu sou até melhor, porque não me alimento de sangue fresco, mas me satisfaço com belos sorrisos e tenros olhares. E essa do super stardoom, é por causa do desejo subconsciente que vocês têm de simplesmente serem populares ao ponto de ter que dizer “chega”? De precisarem se esconder? Acho que vou usar a cantada do "Oi, sou um caça talentos, e você é tem as mais belas costelas salientes de todo o aposento".

Essas séries atacam as inseguranças femininas de maneira grotesca, quase violenta. Chega a ser intrusivo. Mas elas gostam. Elas gostam de ter as coisas entregues a elas. Acostumam-se a serem carregadas pelos fortes braços de um vampiro que nunca vai aparecer,ou à poderem gastar de um dinheiro sem ter de se preocupar com o seu final.

Romances vazios e vidas fúteis, essas são as cartas da vez. Já perceberam que ninguém estuda de verdade nessas séries? Tá, ninguém estudava nos desenhos de quando eu era criança. Mas pô, ninguém mais lê também. Eu já assisti à um episódio de Jonas Brothers com minha irmãzinha, e o tópico frasal do episódio era: a roupa que os irmãos usariam em tal ocasião sujou-se com refrigerante, e não estaria disposta no tal evento. SÉRIO? É ISSO? É SOBRE ISSO O EPISÓDIO? MAN, ARRANJA UM PAR DE BOLAS,TÁ? Digo, é isso que a TV diz para os moleques? Que os grandes desafios da vida lá fora se encontram na dificuldade de arranjar roupas em cima da hora? Amigo,cê tá vendo aquele penhasco ali? Pula. Te joga. Cai. Morre. Purpurinize-se. Esvoace com o vento.

Outro dia teve um evento na Fire, club badaladíssimo, onde um certo “Colírio” deu as caras para agradar a meninada. Foi um evento tipo Xuxa só para baixinhos mesmo. E eu fui checar as fotos do evento, e PORRA. Digo, PORRA. Cara, aquela criatura era feia. Tipo, FEIA. Dava medo, sério. Ele era cabeçudo, e usava uma simples blusa de gola em V apertadíssima, delineando o corpo esquelético (ok, sem braços fortes ali, isso é certo). E a face do ser! Meu deus, ele tinha exatamente o mesmo sorriso em TODAS as fotos. TODAS. Dava para fazer um slideshow, e se você mudasse bem rápido não ia notar a diferença no rosto do meliante. Aliás, se alguém grudasse a foto dele no meu quarto, só daquela cara, eu não conseguiria dormir à noite, admito. O mais interessante, no entanto, era ver o tipo de menina que compareceu ao evento. Por trás de cada sorriso, de cada olhar, uma Isabella Swam.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um navio de lego

Eu montei um barco pirata de lego.

Peça por peça. Encaixe por encaixe. Desde as primeiras chapas do casco, até a ponta dos mastros.

Eu sorri para o barco, ao click do último encaixe. Ele estava perfeito, terminado. Pronto para mil aventuras. Cinco bonequinhos são sua tripulação, e há um capitão e uma donzela.

A donzela pode ser enamorada do capitão, e eles podem ser um casal fugido da Inglaterra. A tripulação pode ser uma corja de ladrões, mas daquele tipo de ladrões dos filmes românticos, que são sempre nobres e carismáticos. Eles podem todos ter sido compelidos a escapar do opressor exército inglês por desentendimentos políticos, lutando contra uma Coroa infiel e ambiciosa, e se juntado na missão de espalhar a instabilidade e a insurgência entre as diferentes classes sociais. A caveira na bandeira pode ser o símbolo de uma rebelião histórica. E o capitão e a donzela são charmosos e apaixonados, e no fundo é a sua figura parental que une o grupo instável que é a tripulação do navio, como uma família incomum.

Ou a tripulação pode ser de uma desgarrada estirpe, perseguidos pela boa Justiça e temidos pelos trabalhadores honestos. Isso porque certos homens idolatram a própria imagem e simplesmente não se ajustam à sociedade alguma. Profissão e honra são meios de domar as pessoas, e esses mesmos homens deles fogem como diabos fogem da cruz. A marginalidade é a salvação, e a lâmina fria na garganta do próximo é todo o escapismo que esses insanos necessitam para acalmar o próprio peito. Vontade de sangue, vontade de violência. E a donzela é uma prostituta e o capitão é um refém psicológico, um boneco das vontades da sua incontrolável tripulação. Ou quem sabe, ele é o mais insano de todos, o mais violento e o mais temível. O meu navio pode ser o navio da morte, e a caveira em sua flâmula nada mais é que prenúncio de perdição. Três tiros de canhão na noite, e vários homens bons jamais encontrarão o caminho de casa.

Ou quem sabe, política e sociedade nada tem a ver com a história desse navio; quem sabe a tripulação é de sonhadores e aventureiros. Quem sabe do diário de bordo deles nada conste se não relatos de encontros míticos encantados. Fugas apertadas de ciclopes e encontros avassaladores com sereias. O capitão é um homem sábio e a donzela, sua esposa, mulher cheia de segredos; pode ser então que o protagonista da história seja um dos simples tripulantes, um jovem esperto e sedento por explorar os cantos de um mundo que está só começando. Nada de baleia branca assassina ou de icebergs escondidos; não, só o dia após dia de um grupo de pessoas que tem toda uma vida pela frente.

Eu paro de sorrir. É só um barco de brinquedo que nunca vai deixar a minha sala de estar.

Porque nenhuma conquista mais tem sabor.

Porque tudo se tornou muito complexo.

Porque na mente do homem de hoje, não há mais espaço para Navios Piratas.

Um navio de lego

Eu montei um barco pirata de lego.

Peça por peça. Encaixe por encaixe. Desde as primeiras chapas do casco, até a ponta dos mastros.

Eu sorri para o barco, ao click do último encaixe. Ele estava perfeito, terminado. Pronto para mil aventuras. Cinco bonequinhos são sua tripulação, e há um capitão e uma donzela.

A donzela pode ser enamorada do capitão, e eles podem ser um casal fugido da Inglaterra. A tripulação pode ser uma corja de ladrões, mas daquele tipo de ladrões dos filmes românticos, que são sempre nobres e carismáticos. Eles podem todos ter sido compelidos a escapar do opressor exército inglês por desentendimentos políticos, lutando contra uma Coroa infiel e ambiciosa, e se juntado na missão de espalhar a instabilidade e a insurgência entre as diferentes classes sociais. A caveira na bandeira pode ser o símbolo de uma rebelião histórica. E o capitão e a donzela são charmosos e apaixonados, e no fundo é a sua figura parental que une o grupo instável que é a tripulação do navio, como uma família incomum.

Ou a tripulação pode ser de uma desgarrada estirpe, perseguidos pela boa Justiça e temidos pelos trabalhadores honestos. Isso porque certos homens idolatram a própria imagem e simplesmente não se ajustam à sociedade alguma. Profissão e honra são meios de domar as pessoas, e esses mesmos homens deles fogem como diabos fogem da cruz. A marginalidade é a salvação, e a lâmina fria na garganta do próximo é todo o escapismo que esses insanos necessitam para acalmar o próprio peito. Vontade de sangue, vontade de violência. E a donzela é uma prostituta e o capitão é um refém psicológico, um boneco das vontades da sua incontrolável tripulação. Ou quem sabe, ele é o mais insano de todos, o mais violento e o mais temível. O meu navio pode ser o navio da morte, e a caveira em sua flâmula nada mais é que prenúncio de perdição. Três tiros de canhão na noite, e vários homens bons jamais encontrarão o caminho de casa.

Ou quem sabe, política e sociedade nada tem a ver com a história desse navio; quem sabe a tripulação é de sonhadores e aventureiros. Quem sabe do diário de bordo deles nada conste se não relatos de encontros míticos encantados. Fugas apertadas de ciclopes e encontros avassaladores com sereias. O capitão é um homem sábio e a donzela, sua esposa, mulher cheia de segredos; pode ser então que o protagonista da história seja um dos simples tripulantes, um jovem esperto e sedento por explorar os cantos de um mundo que está só começando. Nada de baleia branca assassina ou de icebergs escondidos; não, só o dia após dia de um grupo de pessoas que tem toda uma vida pela frente.

Eu paro de sorrir. É só um barco de brinquedo que nunca vai deixar a minha sala de estar.

Porque nenhuma conquista mais tem sabor.

Porque tudo se tornou muito complexo.

Porque na mente do homem de hoje, não há mais espaço para Navios Piratas.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Uma Execução

Hoje foi um dia curioso.
Não curioso quanto ao conteúdo, não. Dessas querelas subjetivas que passeiam pelos calçamentos do diuturno eu me abstenho comentar; quero chamar atenção simplesmente para o dia em si, sua forma.

Quando acordei, fazia tempo agourento: céus fechados e chuva. Quase como uma pessoa, o dia acordou mal-encarado, estressado. As nuvens resguardavam o horizonte como uma alcateia cerca uma presa ferida, enquanto a chuva ameaçava a cidade e dificultava a vida dos que transitavam. Olhar pela janela era um convite à reflexão, uma sedução ínsita à introspecção.

A batalha celestial procedeu sem comprometimentos humanamente perceptíveis, enquanto eu cedia ocasionais lapsos de atenção à pintura que se apresentava.

Mais tarde, porém, um dos lados submeteu-se ao sobrestamento do outro, e as nuvens foram sumindo e sumindo, enquanto a chuva jazia agora unicamente na forma de poças frias e segregadas pelas ruas da cidade.

O sol, magnânimo, surgiu e trouxe com ele uma luz especial. Uma luz que não é a mesma que se vê todo dia. Uma luz que, como os lanceiros em um pós-batalha que atravessam o campo do entrave e perfuram os moribundos, segurou todo vento e afanou toda penumbra. Atirar meu olhar pelas janelas da sala de aula era como encarar retratos: nada que verde fosse movia-se ou agitava-se de qualquer forma. Sempre, é claro, numa cor muito pungente, muito irradiada. Como prisioneiro nu que é torturado por reter informações secretas, o mundo era feito refém. Caminhadas pela floresta revelariam mais e mais desta incômoda imagem; uma imagem de quase violência. Muito próxima, de fato, da obscenidade. Assistir a paisagem conhecida minha de todo dia ser espoliada dessa forma era desconfortável.

E eu assisti enquanto os ponteiros vespertinos percorriam o círculo e tornavam-se crepusculares; foi quando mais deprimido fiquei. O dia agora era posto ao cabo de sua vida, ao fim de sua existência, e de maneira incrivelmente dolorosa. Seu algoz, fosse quem fosse, agora o agredia com algumas nuvens espessas e fazia-o contorcer e espernear de tal maneira que sua dor apresentava-se escarlate à plateia humana que lhe desse vista. Uma agonia púrpuro-inchada, amarelo-náuseada e vermelho-sangrenta. Sofregava o onipotente céu de amor em direção a um inevitável e portentoso fim de gerência.

Lembro que foi do carro que eu assisti aos seus momentos finais de constrição. Enquanto o vermelho-púpuro-amarelo se alastrava pelo seu corpo, o dia finalmente cedeu sem grito ou protesto final, e vazou em líquido viscoso negro. Viscoso e negro como a noite.

O motivo desse espetáculo de violência que foi amostrado, ninguém sabe. Pena, você pode ou não sentir. Mas a questão à que todo este texto se compadece é, em verdade, a da desnecessidade de tudo isso.

sábado, 6 de novembro de 2010

Jogos Pouco Mortais

As pessoas tem essa habilidade especial, cara. Essa coisa pungente e gritante que é a capacidade de estragar as coisas que a gente gosta.

Sabe, eu sempre fui um daqueles adolescentes, de gosto questionável, fã de Jogos Mortais. Eu assisti todos os filmes, acompanhei a história e admirei a máquina de fazer dinheiro que virou a série. E eu até hoje me admiro com a quantidade de coisas que dá para suscitar num filme daqueles. Digo, uma série sobre serial killers que criam armadilhas mortais para, num deturbado senso ético, tentar ensinar o apreço à vida àquelas pessoas que se tornaram cegas ao que há de maravilhoso ao redor é o tipo de sinopse que pode fazer funcionar engrenagens até nós cérebros mais, digamos, limitados. Digo, contrapor a vida à morte é o ponto de partida de praticamente toda a ficção na história humana.

Desde a parábola de Cain e Abel (o primeiro homicídio) até o Crime e Castigo de Dostoiévisky, os seres humanos tem fascinação pela morte e seus efeitos sobre a vida. Surge então a série Jogos Mortais, num brilhantismo cultural que apenas os filmes de terror conseguem atingir. Me explico: você já percebeu como as séries de terror realmente marcam a cultura pop? Sexta-feira 13, Hora do Pesadelo, Halloween, são só alguns exemplos do que esse nicho tem à oferecer. E surgem então os críticos sem visão (que não faltam), e apontam seus pequenos e enrugados dedinhos e criticam todos os detalhes do filme. Mil críticas foram lançadas aos supracitados Slasher Movies. Na época, foram filmes que foram massacrados pelas resenhas profissionais. E são clássicos inquestionáveis do cinema, como pode isso?

Simples. Esse tipo de filme, os de “terror”, surgem para expor o que há de mais paupável na psiquê humana da época. Como você sabe se ele atingiu seu objetivo? Com o sucesso de bilheteria- não de crítica. Duvidam de mim? Hoje, várias obras são redigidas explorando essas películas que marcaram as décadas passadas, e expõem o que o cinema dizia nas entrelinhas aos jovens que o frequentavam, e com ele se identificavam. Percebam como em todo filme do Jason ou do Freddy, por exemplo, tem aquele casal que morre antes ou logo após transar. Parece trash não? Olhe para trás, agora, e me diga se não foi a questão sexual, de libertação jovem e quebra de tabus uma das que dominou os anos 70. O próprio medo inconsciente que tinham os jovens do ato sexual,tanto pela falta de conhecimento, como pelatransmissão de doenças, como por tantas outras coisas. O cinema de terror tem o primor; tem o primor cultural acima de todos os outros gêneros. Afinal, o terror deve ser pop. Peço que vocês atentem para o fato de que todos os grandes diretores modernos começaram escrevendo estórias de terror trash: Steven Spielberg, Peter Jackson, Roman Polanski, James Cameron, etc.

E hoje em dia nós assistimos o levantamento dessa série opulenta que é Jogos Mortais ( não há um só filme na série que não tenha sido um sucesso irredutível de bilheteria; até agora). Nunca vi uma série tão capaz de erguer-se e atingir o genial. Tão capaz de atravessar as barreiras da psicologia humana e mexer com o cerne da moral e da razão. Tão capaz de estipular situações-limite, de puro desespero existencial, onde nós poderíamos ver desabrochar a pura humanidade em meio ao torpe e ao abominável.
Mas temos então Jogos Mortais 7- O Final. Um momento de brilhantismo: o filme é sobre um “sobrevivente” de uma das armadilhas mortais que tenta capitalizar em cima de sua peripécia. O que eu achei simplesmente sagaz, afinal, é o que o ser humano faz nos dias de hoje, certo? Capitaliza em cima de informação. Escreve um livro, como o protagonista do filme. Simplesmente interessantíssimo. Mas, voltando ao meu ponto inicial neste post, os homens tem a capacidade de destruir as boas criações, e o que se vê em seguida é um filme que nem tenta mais. Não tenta ser intrincado, não tenta despistar o telespectador, não tenta confundir e nem chega a ser cruel de verdade. Até hoje lembro de Jogos Mortais 4, e de como aquele filme é realmente cruel com seus personagens. Mas este, ele às vezes parece uma sátira de si mesmo. Um sarcasmo voltado aos outros filmes da série, um Deu a Louca nos Jogos Mortais. Uma armadilha MORTAL em que a vítima tem que arrancar dois dentes com um alicate para sobreviver? SÉRIO? ARRANCAR DENTES? Em Jogos Mortais 2 teve um maluco que tinha que ARRANCAR O OLHO COM UM BISTURI, E NESSE O CARA TEM QUE ARRANCAR 2 DENTES? E se o rapaz tivesse cáries? O serial killer estaria lhe fazendo um puta favor, porra! Dentistas arrancam dentes, serial killers arrancam a mandíbula inteira, no mínimo!

Senhores produtores gananciosos, eu lanço um apelo: parem. Parem de fazer Jogos Mortais. Vamos deixar essa obra intocada por um tempo, sim? Que ela já entrou para a história, sem dúvidas. Agora, vamos deixar que ela descanse. Para que eu possa, daqui a 20 anos, quando eu já estiver velho e chato, assistir o remake. E que seja um bom remake.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

República (anti)Democrática de Nada Direito

Então, aqui estou eu novamente. Para aqueles que se esqueceram, eu sou o Haroldo, uma das pessoas mais filosoficamente rebeldes e mentalmente inquietas que vocês já conheceram. E este é o meu humilde covil.

O motivo de eu não postar à quase um mês é simples: eu tenho andado tão psicologicamente instável que nada do que eu escrevo parece fazer qualquer sentido. Aliás, se você conhecer um bom psicólogo, escreva em OPINIÕES, aí embaixo, o número de telefone e e-mail do sujeito, porque eu tenho precisado de alguém para conversar. Mas se a consulta for mais do que 7 reais, não escreva, eu prefiro morrer louco e com dinheiro pro lanche na UFAM do que são e pobre.
O caso é que eu rastejo para fora do meu casulo metafórico hoje em ímpeto de comentar num recente evento: a eleição presidencial. Vocês devem ter percebido que ontem foi eleita a primeira mulher presidente na história desse país, e eu queria parabenizar os diligentes brasileiros responsáveis por essa vitória, e adoraria ressaltar também que a conquista não para por aí: além de primeira mulher presidente, que não é novidade no panorama mundial, vocês acabam de eleger a primeira terrorista, a mais inapta criatura, mais indiferente meliante e mais manipulável resíduo de decência humana que as cinzas democráticas da política representativa deste país já teve o desprazer de ter atarraxado na garganta em tantos e tantos; e ISSO eu tenho certeza que é digno de nota mundial.

Eu não estou à fim de fazer piada, NÃO riam desta porra deste post babaca. Eu não estou com a aptidão cognitiva necessária para formular qualquer tirada cômica hoje. Eu, em verdade, estou ouvindo pelos fones de ouvido uma marcha meio fúnebre do jogo Halo. O que eu quero agora é entregar uma mensagem aos votantes rubros desse último turno.

Nós não vivemos numa democracia. Vivemos numa Demagogia; digo isso, e se vocês pensarem um pouquinho que seja vocês vão concordar, porque ao fim e ao cabo ninguém expressa seus ideais políticos quando digitando os números naquela caixa eletrônica. Não há soberania da vontade do povo. Os partidos políticos tomaram a frente e os representantes (políticos) esqueceram dos representados, e estão buscando seus próprios ideais; Paulo Bonavides diria que isso é a Duplicidade da Representatividade na Política Brasileira (olha aí, eu andei estudando ;) ). Isso ocorre quando o povo é feito refém da política, e um sintoma simples de entender é esse: quem aqui votou em alguém por ideologia? Quem aqui votou em alguém porque acompanhou a história desse candidato e divide com ele seus ideais? Não vale dizer Dilma já de início, afinal ela não tem HISTÓRIA POLÍTICA e muito menos EXPRESSOU QUALQUER IDEAL que não fosse “Eu dou o ** para o presidente!”. Quem votou na Dilma o fez por medo irracional, estúpido e infantil de ter a Zona Franca prejudicada por alguma atitude do sr. Serra ou algo do tipo, e quem votou no Serra o fez porque sabe que o PT está construindo uma ditadura velada.

AHUAHUAHAUHAUHAUHA DITADURA HAROLDO VOSÉ ÉH TODO BURRÃO NÃHO EZISTE MAIS ESSE NEGÓSSIO DE DITADURA ISSO ÉH BALELA DA TUA CABESSA AHAUHAUAHUAH

Em um parágrafo: O PT está há 8 anos na presidência, isto é: o Poder Executivo já era (1 de 3), ele tem maiorias em quase todas as câmaras legislativas, isto é: Poder Legislativo foi pro espaço (2 de 3). Todos sabemos que, muito embora o Poder Judiciário teoricamente devesse ser separado da influência dos outros dois, para a boa manutenção do processo democrático, o que acontece é que só sobe na hierarquia judiciária aqueles favorecidos pelos poderes políticos; aqueles mesmos corrompidos pelo PT. O PT já tem 1 membro no STF, e vai colocar o segundo nos próximos meses. Imaginem como vai ser se eles tiverem mais 8 anos no poder!(3 de 3) Com uma maioria no poder Judiciário, quem vai ser capaz de dizer não ao ParTidão? Diz pra mim, seu baba-ovo filho de uma puta. O PT já está tentando estagnar a intelectualidade brasileira, e ele já lançou mão de 2 tentativas para calar de vez a boca dos jornalistas deste país ( Conselho de Comunicação Social é apenas uma fachada para Conselho de CALA A BOCA PORRA E DEIXA A GENTE ROUBAR QUIETO). Quem aqui já não viu o medo irracional que os petistas tem da revista Veja? Dizem que ela só fala mentiras e espalha a calúnia, mas por quê diabos eles não a processam então? É de conhecimento público que se houver ocorrido mentira real a revista VAI ser obrigada a indenizar e fazer retratação. Mas nem processar eles processam... Estranho! Aí me vêm as pessoas dizendo “Ditadura é impossível nos dias de hoje!”, e eu respondo “Por que?”. Oras, não vai ser aquela coisa militarizada de 64, evidentemente, mas se um ParTido controla o Judiciário e o Executivo de cabo à rabo, quem, QUEM vai poder dizer NÃO pra ele? Digam-me, por favor! Quem? Isso, senhoras e senhores, é uma ditadura tão eficiente como qualquer outra.

Agrava-se, senhoras e senhores, quando o ParTido consegue manter o povo calado com migalhas de pão em forma de Bolsas como o fez Luis XVIII na França, antes da revolução. É a Bolsa Migalha, e o povo fica longe dos portões do castelo, vivendo com 1% do que poderia usufruir, enquanto o ParTido reparte o resto entre si.

Mas senhoras e senhores, este post parece ser mais condenatório do que o é em verdade. Os ParTidaristas PTistas do PT sempre vem com aquele discurso ignorante de que “MAS SEMPRE HOUVE CORRUPÇÃO NO BRASIL”, como se isso servisse para desculpá-los. Mas sabe, depois de bastante estudar essas nossas Ciências Políticas eu cheguei à conclusão de que a culpa não é inteiramente do PT. Muito embora isso não escuse em NADA a besteira que foi feita pelos brasileiros ontem, dia 31 de Outubro.

Mas de qualquer forma, paro por aqui. Esse post já está grande o suficiente. Se vocês quiserem, noutro post eu explicarei o porquê de o PT não ser tão culpável assim.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Terra do Nunca, Nunca na Terra

O cigarro em suas mãos diz muitas coisas. Mais até do que ela, que está silenciosa. O seu vestido é azul, cheio de brilhos (enegrecidos pela sujeira), sua renda toda bem cosida (rasgada e desgastada), seus sapatinhos de cristal (está faltando um, o outro está trincado), a parte frontal de seu vestido é uma agradável pintura da face de uma criança (só que o seu busto está rasgado, abrindo num grande decote, e seu vestido todo esticado e maltratado pelo tempo fez o sorriso da criança se entortar, pender e cair num expressão de tristeza). Ela está sentada num tronco morto, igual a todos os outros troncos mortos que temos ao redor, com suas perninhas jogadas displicentemente em todas as direções.

Estico-lhe um braço, e ela nota o isqueiro negro na extremidade que lhe é próxima. Seus belos olhos azuis fitam-me com profundidade, enquanto ela exita baixinho.

Com um movimento dos dedos, eu faço o fogo, e a luz me mostra detalhes não de todo agradáveis em sua face: a maquiagem borrada exalta as veredas de lágrimas por suas bochechas, e o brilho que enfeitava os lábios já minguou. Ela, depois de uma curta briga interna, resolve-se.

- Típico! - diz com um pouco de amargura. E num movimento rápido, encosta seu cigarro na minha chama, e assiste enquanto ele adquire brilho próprio. Então, com a velocidade de uma viciada contumaz, ela o leva à boca, numa boa tragada.

- O que aconteceu com suas asas, Fada Azul? - pergunto, não tão inocente enquanto guardo o isqueiro negro. Por algum motivo, essa pergunta faz todo o sentido.

Uma tragada precede sua resposta, enquanto ela empalidece e eu assisto uma longa subida e uma longa decida de seu peito - Caíram. - Seus olhos me evitam como o Diabo evita a cruz, parecendo relâmpagos azulados em suas órbitas, procurando um ponto fixo.

- Hm... Mas como?

Sua carinha suja se torce numa carranca, que nem por isso deixa de ser bela, enquanto ela me cospe sua resposta:- Caíram de caideza caída!

- Como poderiam suas asas cair?

Subitamente, sua expressão vaza numa de dor e angústia, com suas sobrancelhas quase se interceptando no topo da testa, mas só por um momento, pois logo ela se recupera - Caíram porque não eram mais necessárias, obviamente. - ela respondeu, escondendo-se atrás de uma expressão indiferente. Seus olhos ainda em outro lugar, como se nossa conversa fosse a coisa menos interessante daquele cenário estático. Mas então, algo subitamente veio à minha mente; uma idéia. Mas tentei afastá-la, incomodado.

- Mas ... - interrompi minha própria frase, quando me dei conta: - Uau! Neve!

De repente, desciam do céu aqueles flocos gelados que eu sempre tivera vontade de conhecer. Neve! Olhei ao redor, impressionado, observando enquanto os flocos cercavam-nos por completo. Um sorriso veio aos meus lábios; mas não por muito tempo.

- Eles caem que nem neve, mas eu não acho que sua origem seja tão nobre. - disse a Fada Azul, parecendo incomodada. Eu olhei então mais atentamente. Abri uma de minhas mãos para interromper o ciclo cadente de uma das partículas.

- Só não cometa o mesmo erro que eu.- interrompeu-me- De experimentá-los; com a boca. - disse a Fada. Franziu então o cenho, e sugou novamente o cigarro.

- Cinzas...?- espantei-me, analisando a partícula que havia aparado.

- Elas caem como neve. Só que a neve purifica, a fuligem simplesmente suja.

Olhando ao redor, com posse desses novos dados, pude finalmente compreender por quê tudo parecia sujo e mal-cuidado; que nem a Fada.

- De onde vêm? Estamos em perigo?- perguntei, olhando preocupado em todas as direções.

- Em perigo de que? - rebateu a Fada, entre baforadas, desinteressada como sempre.

- Oras! - o descaso existencial e sua alienaçã material começavam a me incomodar flagrantemente.- Perigo de morrermos queimados! Sabe? Fogo? Incêndio?

- Não se preocupe. A pior coisa que pode acontecer por aqui é continuar respirando.- disparou a triste Fada, erguendo uma sobrancelha em desgosto. Deu então uma longa tragada. Foi quando eu reparei que ela não liberava a fumaça de volta. - Quando se está em lugar nenhum, ser alguma coisa perde seu valor. Para não dizer seu sentido.

Logo as peças do quebra-cabeça se identificavam em minha mente, e eu começava a ver a grande imagem. À entender. Fui acometido por uma grande pena da pobre Fada. Meu próximo movimento foi para sentar-me ao seu lado. Não pude deixar de notar então seus cabelos loiros (sujos e bagunçados). Empelido pela emoção, tentei suprimir a austeridade do momento com um trocadilho.

- Mas diga, Fada Azul, o que aconteceu com o Pinóquio? - eu disse, sorrindo.

Uma baforada.- Virou um menino de verdade, oras. - ela disse, indiferente. Mas justo quando eu tentei prosseguir com o trocadilho, ela se completou:- E morreu. De câncer. Parece que nem tudo na vida são flores, né? Pena que o rapaz nunca compreendeu que isso aqui (fez um gesto indicando a própria carne) é um material mais vagabundo que a madeira que o compunha.

Dizer que a narração da Fada me deixou estarrecido e sem reação seria eufemismo. E por um momento ficamos em silêncio. Um silêncio tamanho que chegava a pesar no coração. De pronto, uma brisa gélida começou a nos açoitar. Vi a pobre Fada encolher-se dentro de seus trapos, em busca de calor, mas por inibição não me ofereci para ajudá-la. Indaguei se ela vivia daquele modo à muito tempo; quantas vezes o frio de rachar lhe fustigara o corpo sem que nada ela pudesse fazer. Se a sua personalidade era apenas a ponta do iceberg que era a sua sofrida existência.

- As suas asas. Você as arrancou....não?

A Fada meramente piscou, e seu peito pulou uma expiração. Ela pareceu parar por completo ; e então as palavras que lhe saíram da boca foram como programadas, uma gravação antiga, sem emoção e sem vida.

- Eu tentei arrancá-las. Tentei. Com minhas próprias mãos, mas não deu certo. Elas escapoliam de meu aperto, acho que por puro reflexo. Acho que simplesmente não é natural, sabe, arrancar um membro seu. Mas um par de pedras afiadas, são dificeis de achar por aqui, fizeram o trabalho. Primeiro tive que quebrar os ossos, sabe? Porque se não os ligamentos e os musculos teriam dado muito trabalho, e eu poderia sangrar até a morte. Não que eu tenha muitas razões para viver, não; o que falta é a coragem.- ela mostrou o cigarro- Não, o meu fim vai vir de outro jeito. Enfim, com a pedra mais afiada de que dispunha, deitei-me no chão, e com um braço dilacerei a asa do lado oposto durante o que pareceram horas. O sangue primeiro vinha aos poucos, e a ardência era enlouquecedora. Mas isso foi progressivamente mutando em um outro tipo de dor; uma pior. E então, a sensação de vazio. Troquei de mãos a pedra, e fiz o mesmo do outro lado. Doeu mais. Foi como uma soma de dores, na verdade. - eu reparei que o rosto da Fada estava úmido, e a maquiagem ficava mais e mais disforme. Ela começou a soluçar baixinho, de maneira comedida.- Logo, eu estava sem ambas as asas. Com o restinho de forças que me sobravam, então, eu tentei estancar o sangramento com pedaços do vestido. Depois eu desmaiei. Não sei por quanto tempo fiquei desacordada. Nunca dá pra saber, nessa porcaria de lugar.- disse ela, zangada, suas lágrimas tanto de angústia quanto de tristeza. Ela então deu uma longa tragada, e silenciou.

Eu fiquei digerindo, espantado, ultrajado, perturbado, as coisas que ela me disse. Sem saber muito bem o que falar ou fazer. Uma pergunta, no entanto, saltou de minha boca, estilhaçando o silêncio:

- Por que?

- Por causa de tudo. Do que elas representavam, do que elas me lembravam, do que elas me faziam sentir. De...tudo.

- E o que elas lhe faziam sentir?

O choro da Fada se pronunciou antes que ela pudesse responder, mas ela se manteve firme: - Saudades.

Essa resposta não podia senão transportar meus pensamentos à situações tão distantes e tão remotas, à considerações e suposições tão complexas, que eu comecei a me sentir tonto só em supô-las. Me senti também pesaroso e...e...infeliz.

Juntei minhas forças para mais uma pergunta:

- E o que você fez com suas asinhas, Fada Azul?

Uma grande tragada foi dada, e agora o cigarro estava perigosamente próximo do fim. Ela então esticou um dedo, apontando o céu.

- Queimei.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O problema é meu, seu e de todo mundo

Estou só sentado aqui, e já estou incomodado. A cada dia que passa eu tento aperfeiçoar a minha capacidade de enxergar bem através das besteiras; através das mentiras; através do que parece simples e concreto. E eu estou só sentado aqui, incomodado com esse debate (exibido dia 26/09/10, na Record). Os políticos são belas damas que me tiram para dançar, mas eu vejo traços de venefício na beirada de cada boca.
Que belo show de demagogia. Que bela arrumação parece ter sido feita aqui quando nós não estávamos olhando. Foi só minha essa impressão, ou mais parece que houve um acordo sutil entre os debatedores para que absolutamente nada de relevante seja dito durante essa, chamemos da maneira que merece ser chamada, apresentação? Eu estou só sentado aqui, e já estou incomodado.
Olhem só, eu não quero ouvir suas propostas. O tempo para essas propostas já passou, sinto muito. Falta menos de uma semana para as eleições, e essas abstrações ficaram na última saída, à 100 km atrás. Abstrações são porque, veja bem, propostas são ficções, e das mais terríveis, e até eu posso inventar propostas. Quem não pode? Nós, telespectadores, pouco sabemos dos detalhes técnicos das coisas que vocês falam, e são esses detalhes que revelam quem está certo e quem está errado. Propostas são meio caminho andado para mentiras. E ficam vocês aí, fazendo perguntas idiotas, que ofendem a minha inteligência, de maneira ensaiada: A pergunta algo idiota para B, B responde com uma proposta (sofisma) sua, A replica com uma outra proposta (sofisma) e B termina com algum adendo bobo (\o/\o/). E fica assim para sempre até a eternidade; ninguém se compromete, ninguém se arrisca. É jogo seguro. E claro, esses 4 minutos que eles gastaram falando em propostas podem muito bem se igualar à 0, em termos de relevância ou conteúdo. É como contar o seu sonho para alguém: é irrelevante e todo mundo esquece mais cedo ou mais tarde.
Olhem, agora quem fala é a moça de cabelos negros, e a maneira como a sua vida parece ter jogado duro com ela está exposta em cada ruga de sua face. Logo se vê que ela é uma mulher inteligente, mesmo porque ela aprendeu tudo do jeito mais difícil, sem deixar que os sonhos morressem em seus olhos. Ela sabe aonde ir. A minha preocupação é que, talvez, essa moça franzina não tenha a massa para controlar as coisas lá no topo do mundo; ouvi dizer que os ventos por lá são perigosíssimos. Mas ainda assim, ela merece meu respeito, e em outras circunstâncias até mesmo meu voto.
Mas eu não tenho respeito algum pela outra mulher. Respeito NENHUM. Eu nem estou no mesmo recinto que ela, e já posso sentir o cheiro do plástico; aquele plástico extremamente industrializado, com bastante corante vermelho, que modela seu corpo. Se a outra mulher sabe de onde veio, está na cara que esta não veio de lugar algum; é uma marionete qualquer que um homem gordo e barbudo retirou da bolsa no meio da confusão. Vejam as cordas saindo de seus membros, vejam como ela se move de acordo com os dedos que as controlam. Ela é um macaquinho dançando à música do realejo do seu partido, pedindo votos com seu chapeuzinho vermelho. Eu não posso conceber dar meu voto a alguém que nunca, nunca fez nada, nem sequer está onde está por merecimento, e que visivelmente será boneca inflável do próprio partido. E isso, senhores, é uma informação que veio de dentro, e todos sabemos. Não, senhores; votar nessa mulher é um absurdo.
Olhem aquele outro tipo, sentado ali. Careca, tem uma longa história com a política, principalmente de São Paulo, e promete levar ao resto do país suas experiências. Ele é um bom sujeito, mas infelizmente tenho alguns problemas com sua filosofia. Só não voto nele porque sinto que não vivo no mesmo lugar onde mora o coração dele. Mas de resto, ele é plenamente capaz, como o são todos os que concorrem; à exceção, lógico, da patética marionete vermelha.
Felipe Neto já disse: “Esse último é um cara que está morto, mas esqueceram de lhe avisar”. Como sempre, Felipe Neto tem a propriedade e a razão de um peido solto pela metade. Este “homem-morto” está mais vivo que todos os outros juntos. Ele é quem traz alguma importância a este debate, é ele que surge com as boas perguntas e as boas respostas. Todo momento em que ele não está falando é um momento recheado com balelas. É ele quem traz o gingado e o compasso ao debate, tira os outros debatedores do conforto de suas falácias e desequilibra o jogo. Infelizmente, esse senhor de idade ainda levanta a bandeira do socialismo, e isso é o único ponto negativo: gente, sério, o socialismo já era, nós somos capitalistas, vivam com isso. Pelo bem geral da nação.
Aqui sempre se diz o que se quer fazer, mas não se diz o que é necessário fazer” Plínio A.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

É o fim da picada amazonense

Quem é Márcio Souza? É um dos mais proeminentes escritores do Amazonas. É, como se isso fosse grande coisa.

Bem, para quem não viu,o respeitabilíssimo sr. Souza teve um texto seu publicado ontem no jornal A Crítica, chamado 'Descrença'. Nesse texto, ele começa expondo sua decepção com os rumos que a nossa cidade trilha. Ele conclui a primeira parte dizendo que, mesmo apesar de quaisquer esforços políticos que possam vir a influenciar nossa Ordem Pública, a única maneira de Manaus se redimir e se tornar uma bela capital tranquila e calma é sendo aniquilada por uma calamidade pública de destruição em massa como a que abateu Nova Orleans. Então ele cita os grandes inimigos da paz pública: a bagunça, a ignorância, o desrespeito, a prepotência e a ignorância.

Ele conta, na segunda parte, como essa semana ele teve de sair à rua, experiência que por suas palavras só pode significar algo como o traverso do percurso de Dante em A Divina Comédia: Inferno. Ele se dedica a citar todos aqueles embaraços e desconfortos que uma visita ao centro da nossa cidade pode proporcionar, com a constância de verdadeiras aberrações desastrosas satânicas infernais como, por exemplo, vendedores de pamonha. E, pasmem, a praga hecatomba que faz metrópoles perdidas em conflitos de violência do naipe de RJ e SP parecerem um parque diversão: flanelinhas. Eu sou apenas capaz de imaginar a dor que aflige o humilde escritor toda vez que ele ouve o preço de uma pamonha ser gritada na rua, ou a vergonha que ele deve sentir quando um flanelinha o ajuda a fazer aqueeela baliza. Enfim, depois de um enorme, gigantesco e maceta parágrafo descrevendo, horrificado, essas situações típicas dos mais 'pobres', ele se redime (ou tenta): “Mas não são eles (os pobres) que me irritam. É a classe média, que estaciona nas calçadas, que realmente me enerva”. MAS É CLARO QUE É A CLASSE MÉDIA, afinal está na moda criticá-la, não? Logo se vê que o autor andou assistindo Tropa de Elite, difusora principal dessa filosofia. Eu também não sei que recurso literário sofisticado é esse que ele utiliza, de passar horas fazendo críticas vexatórias à alguma coisa para então mudar o objeto do discurso, subitamente, e culpar algo mais supérfluo e que o faça parecer mais socialmente comprometido, mas seja lá o que for, Márcio Souza o domina como ninguém. A partir daí, o autor prossegue para fazer aquelas críticas costumeiras e impessoais à erros cometidos pela ordem pública, coisas em geral menos comprometedoras, e que no ponto de vista dele corroboram o sentimento de descrença que ele tem.

Esse texto me deixou realmente incomodado num domingo de manhã. Oras, Márcio Souza é um escritor que ficou famoso em cima do estudo da história da região Amazônica, matéria que era utilizada nas suas obras à torto e a direito. Ele, mais do que ninguém, se fosse metade do estudioso que se supõe ser, teria um olhar mais inteligente e mais parcimonioso em cima dessas questões regionais. Ele DEVERIA entender os resultados que uma modernização acelerada causam numa cidade tão sem planejamento quanto Manaus: bagunça, senhores. Estamos ainda apenas aprendendo à lidar com as novidades. Ainda estamos caminhando. Vamos melhorar um dia, tenho certeza. Ninguém vive na bagunça porque quer, ninguém empurra um carrinho de pamonha porque quer. Temo que o nosso ilustríssimo escritor deva estar acostumado agora com a boa vida, seus usos agora dizem mais respeito ao refinado e à primeira classe, seu traseiro afofado pelos apoios das melhores poltronas que o dinheiro pode comprar. E a sua mente, velha. Velha como o é o seu objeto de estudo. Porque essa situação de agitação social, de burburinho enlouquecedor, não passa de algo natural. Presente estava nas obras de, oras, Machado de Assis, naqueles contos em que ele detalha o vai-e-vêm dos centros urbanos antigos do RJ, assim como estava presente em tantas outras obras que lidam com a modernidade. Lá estava o protagonista de Crime e Castigo passando mal no meio da agitação enlouquecedora de uma Moscou antiga, nas obras de Dostoiévski, ou aquele inferno industrial que podemos assistir em obras como As Grandes Esperanças, de Charles Dickens. Obras clássicas que um membro cultuado da nossa literatura moderna, oras vejam, falhou em conhecer.

Faça-nos um favor, sr. Márcio Souza, e junte as suas coisinhas e retire-se da nossa região, já que ela tanto desagrada o senhor; aproveite, e PÁRE de escrever também, já que o senhor parece demonstrar tão pouco conhecimento factual sobre ela, à final de contas.

Obrigado, tenha um bom dia, não encha o saco.

PS2: Desculpem se eu estou mais explosivo e delituoso que o normal, meus leitores, mas é que eu tenho especial carinho e afeto pela literatura, e pela pessoa dos autores também, e para mim é difícil separar um do outro.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Nem me disse adeus

O que é um Xbox 360?

Para início de conversa, é o único videogame americano de grande expressão no mercado. O resto, são japoneses. Falei tudo: É o melhor. E o que significa um Xbox 360?
Felicidade. Jogos de montão. Noites adentro, dias afora. Amigos reunidos comendo tekitos e falando shits-à-mil. Passatempo edificante. Desenvolvimento perceptivo e criativo. Sorrisos.

Meu Xbox 360 morreu hoje. Ele apresentou um defeito chamado Three Rings of Death, que aparece quando o hardware interno dele foi para o inferno, e que é um problema bem comum nesse tipo de aparelho. Então, por isso vocês estão vendo essa redecoração no meu blog. Está uma merda, eu sei. Foda-se. Sério, foda-se. Eu estou cagando para o que vocês acham ou deixo de achar da porra do meu blog.

Cheguei em casa feliz e saltitante, como um jovem playboy viadinho que entra no Café Cancun dia de domingo, vim direto para o meu quarto e apertei o botão de ligar o videogame. Mas ele não ligou. Hoje, ele não ligou.

Três luzes vermelhas piscaram, ao invés. Então eu desliguei e tentei de novo.

Idem. Ibidem. Ibidem. Ibidem. Ibidem. Ibidem. Ibidem. Ibidem. Ibidem. Ibidem.

Mãos trêmulas, suando frio (e quente, porque hoje tá quente PRA PORRA),eu me despejei na minha grande cadeira amarela, minha face branca, acho que minhas mandíbulas estavam chacoalhando, mas não tinha ninguém em casa para me oferecer uma porra de uma água com açúcar. O que se faz numa situação dessas? Eu ligo 190? Eu rezo? Eu danço a porra do tango em paris?

Vá se foder, leitor.

Melhor coisa que meus pais fizeram: colocar grade de segurança em todas as janelas da casa. Por quê? Porque eu não sei o que teria sido defenestrado primeiro: o cadáver do meu videogame, a minha cadeira ou eu. Ou a minha cachorrinha.

Brincadeira. Eu nunca jogaria o meu videogame, mesmo ele quebrado, nem a minha cadeira, ela tem valor sentimental, e muito menos a minha cadelinha. Muito embora eu ache que com a densidade do pelo de algodão dela, ela fosse flutuar (eu moro no sétimo andar).

Eu tenho cerca de 40 jogos para Xbox; são cerca de 40 órfãos então. Eu joguei alguns dos melhores jogos de todos os tempos nele. Ele tinha o que? 4 anos. Tá, já era meio velho. Na verdade, ele viveu DEMAIS, visto que a probabilidade de um Xbox dar o problema que o meu deu hoje na época em que esse foi feito era de 33%. É como dizerem para você que um amigo seu tem mais 3 meses de vida.

E ele viver mais 30. Sem falar que eu já tinha deixado-o cair algumas vezes...

Ele já vinha apresentando problemas, como um senhor idoso apresenta sintomas antes de fenecer. A pintura dele já estava enegrecendo. Ele já não lia mais alguns jogos. Ele riscava despropositadamente outros. Ele já não reconhecia controles novos. Ele às vezes não reconhecia o cabo HDMI.

“Haroldo, você se apega demais às suas coisas!”

Claro que eu me apego, CAROLHO! Essa merda desse videogame foi a grande primeira conquista que eu consegui com meu próprio esforço. Sabe quando o jovem economiza sozinho para comprar uma TV? Ou um som? Ou um computador? Pois é, foi o meu caso com esse Xbox. Ele é aquele 1(um) objeto no meu quarto que eu posso dizer que é MEU. Economizei durante um ano, na minha mesada e até no dinheiro do lanche da escola, sabendo que no final do ano iríamos viajar para os EUA, onde essas coisas são mais baratas. Esse Xbox, eu lembro até hoje, foi o único que eu encontrei em TODA A ORLANDO, porque na época ele era tipo SUPER NOVIDADE, e todo mundo já tinha comprado o seu por lá. Esse era o último, só me esperando. Meus olhos brilharam quando eu o vi, e eu o arranquei dos braços do vendedor e fiquei abraçado com ele o resto do dia (a caixa tinha o diâmetro do meu abraço). E, naqueles momentos de abstração juvenil tola, eu imaginava um ladrão aparecendo com um revólver e mandando eu passar o videogame; eu então respondia à plenos pulmões: “VAI TER QUE ATIRAR”.

Cara, ele já fez tanto por mim. Digo, sem ele, eu poderia ter sido um desses jovens super violentos que usam drogas, roubam, matam ou até mesmo colam nas provas. Tá, mentira.

Mas ainda assim.

Eu brincava dizendo que ele era o meu filho, ele e o meu PS 3. O meu primeiro PS 3 cresceu e virou um PS 3 Slim (foi vendido e eu utilizei o dinheiro pra comprar outro, para ser mais exato), mas o meu Xbox.... Morreu, cara.

Ele morreu.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Crítica- Do grego, Criticux

Então, criticar.
O que é a arte de criticar? A arte de criticar é a tentativa (porque nem sempre ela funciona) de expor o ponto falho de determinada coisa. Bem, é. Se você é um otário que acha que o Felipe Neto vale o dinheiro do ônibus, é, é isso aí. Agora sai do meu blog. Sério.
Não, não sai não, eu não quero ficar sozinho!
Criticar é uma coisa meio complicada. É como valorar. Criticar é, simplesmente, dar um parecer. Nós vemos essa carga negativa no conceito de “criticar” porque é apenas assim que o ser humano comum consegue sobreviver no seu “dia-pós-dia” miserável, apontando o ponto falho de tudo o que ele vê, sem conseguir notar que ele também é uma poça de urina e merda. Mas não é bem assim: quando eu digo que a sua caricatura daquele professor ridículo de DIP ficou bacana, e que conseguiu até ressaltar a maneira como ele se baba todo quando tenta falar uma palavra com mais de 4 sílabas, eu estou criticando a sua criação, mas de uma maneira positiva. Muito embora também esteja você me criticando ao dizer que eu sou algum tipo de megalomaníaco babaca, fútil, esquizofrênico e vazio. Na verdade, eu até concordo com você.
Um outro motivo que eu vejo para o nosso costume pré-cambriano de achar que toda crítica é ruim é que nenhum crítico desses de projeção nacional ganha seu salário para falar BEM das coisas, como um crítico de cinema, que insiste em criticar até o fato de o filme ter sido rodado às 16hrs da tarde, e não às 18, que é quando a luz está melhor e blábláblá. Obviamente, ele não recebe todo mês para dizer coisas tipo “Pô, ficou bom o teu filme aí, manolo, gostei ó”. Não, ele tem que falar mal. Então nós, seres mortais e sem projeção nenhuma (ou inexistentes, se você for do Acre), lemos que aquele texto é uma crítica. Bem, parece natural deduzir que críticas tem de ser negativas.
Outra coisa interessante: quando a pessoa fala mal de certo objeto, ela tem a chance de expor um ponto de vista DELA, contrário à obra em questão, e que vai de certa forma ENALTECÊ-LA às custas do objeto criticado. Vocês me entendem? O momento da crítica é quando as pessoas inteligentes tem chance de brilhar, porque é necessário que a pessoa seja realmente sagaz para achar os defeitos em alguma coisa. Mas aí entra outro problema: e aqueles otários que adoram criticar por criticar, apenas para assim enaltecer a si próprios? Digo, como nós podemos diferenciá-los dos sábios? Bem, acho que só mesmo você sendo mais inteligente que o otário, para perceber o quão otárias são as coisas otárias que ele fala. Ah, mas nunca se esqueçam dessa dica, ela é muito importante: Os espertos adoram falar, mas os sábios de verdade gostam de ouvir: ouvir e analisar.
- Mas Haroldo, você tem um BLOG! - Ok, esqueçam o que eu disse.
O motivo pelo qual eu escrevi esse texto é que recentemente eu tenho assistido muitos video logs, quase todos do agradabilíssimo sr. PC Siqueira, e vejo que as pessoas que deixam aqueles comentários na página do You Tube realmente não sabem o que é criticar. Ou melhor, aquele tipo de gente realmente não sabe de quase nada. Parece que nasceram apenas para assistir videos do You Tube e criar todo tipo de modinhas ridículas, desde Justin Bieber até, sei lá, qualquer coisa.
Deixo minha mensagem: Diga não ao fracasso: não seja comentarista de YouTube.
PS: EXEMPLO DO TIPO DE PESSOA QUE CRESCE VENDO VLOG:
http://www.youtube.com/watch?v=w91tDzmlzUU

domingo, 22 de agosto de 2010

Trançado Metafórico

Eu sou o tipo de cara entra no quarto, fecha as portas e as cortinas, e liga o ar condicionado com o controle da televisão. Faço carranca ao não apitar do ar condicionado, e, aperto com mais força o botão de ligar no controle da TV, para então perceber que estou apertando o controle errado. A TV liga, logo após. Eu lanço-lhe um olhar de censura, como se a culpa fosse dela. Desligo a TV e me desfaço do controle,e já que o controle do ar não está em canto nenhum à se achar, sento-me logo na minha grande poltrona amarela, para que minhas ideias possam decolar.
Por que eu peguei o controle da TV? Simples: porque ele estava no lugar do controle do ar condicionado. Oras, como pode o lugar de uma coisa abrigar outra totalmente diferente? Por quê é que eu não abro acidentalmente o armário sempre que vou à cozinha vasculhar a geladeira? Obviamente porque o armário não está no lugar da geladeira. É assim que eu encontro as coisas. Tudo tem seu lugar.
Mas as coisas podem se complicar: eu posso vir a conhecer alguém. Podemos vir a ser amigos, e com o passar do tempo esse amigo adquire seu devido lugar na sua vida. Eu entro pela porta do colégio, da faculdade, do inferno ou do céu, e ele está lá. E aí, tudo bem? Beleza. Anos e anos se passam e eu posso confiar nesse amigo, ele pode confiar em mim, nossos problemas são terras arrendadas da noite para o dia. Mas então, a vida nos entorpece em certas coisas na medida em que nos dá outras, como peças de malabarismo; quando eu menos espero, eu chego, atravesso os portões e me sento. Meu amigo tinha um jeito diferente de ser engraçado, um jeito que, subliminarmente, eu dou por falta. De repente, são outras pessoas, ou são outras coisas, ou é um outro lugar, ou não é nada, sou eu, é tudo.
Você entende onde eu quero chegar? Sem mais jogos de palavras (são as palavras que fazem esse jogo, não eu; sou que não um refém). Onde está aquele amigo? Onde está aquele livro? Onde era aquele lugar? Eu gostava. Tanto. Nem sabia.
Merda, olhem para mim. Não é o meu amigo que não está aqui. Sou eu quem não estou lá, tenho certeza de que ele gostava do jeito como eu tinha uma resposta para tudo. Ou será que é realmente ele que não está aqui? Isso importa? Antes desse amigo, não havia outro? Depois desse, não haverá mais um? Um pé vai para frente, Haroldo, à medida que o outro vai para trás, é assim que se anda. Ah, é? Então é essa a melhor maneira de chegar nos lugares? Bem, não é a melhor; mas serve.
Mas não podem esses três amigos estarem aqui comigo, agora? Claro que não, a vida não é uma confluência. Esqueça o que lhe disseram todos os outros, a vida não tem início, meio e fim. A vida é uma bagunça. Ela simplesmente serve, na medida em que dela são exigidas as circunstâncias. A vida é eterna desavença, de forma que os filósofos vão deixando de estar certos e nós, jovens, vamos ficando mais incontornáveis. Porque tudo é dinâmico. Ocorre então, sob os nossos próprios olhos, uma mudança tão sutil quanto o rolar dos grãos de areia no deserto. Mudam-se perspectivas, mudam-se atitudes. Então, amigos seguem sua irrefreável natureza de transformação em fotos na parede, como outras coisas mais.
De repente, o quê que tem um lugar certo nesse mundão de meu Deus?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um tipo diferente de Inferno

Bebidas, muitos homens barbudos e corpulentos, vestidos de preto e fazendo cara feia; algumas poucas moças escondidas atrás de maquiagem gótica pesada, e muito, muito rock'n'roll. Toda a propriedade, que mais parece o jardim de alguém, é rodeado por um muro branco adornado com labaredas rubras exuberantes, e o símbolo do clube, que é uma caveira trajando todos os adereços de um motoqueiro durão, está espalhado por todo o local em posteres tamanho real, nas mais variadas posições e situações. “Hells Angels MC- AM”, dizem os letreiros. Os menus tem apenas 7 opções: começam com “Água- 2 reais” e termina com “Vodka Red Label- 15 reais”. Só. E, claro, Óxido Nitroso é vendido em balões para que os interessados possam tragar e ter 10 segundos de sedação. E no meio disso tudo, eu. Blusa England verde, calças jeans azuis escuras e, para coroar, Nike Shox brancos nos pés. Oras, às vezes eu me perguntava, como diabos eu vim aparatar aqui?!
Simples, na verdade: meus brothers, Marcello e Giorgio, me obrigaram tacitamente. Eu cedi, e próxima coisa que sei, estou olhando para um segurança quase saído de um filme trash americano: careca, barriga e braços enormes, utilizando jaquetão de couro, calças de couro e botas. E eu estou lhe passando 5 reais, para poder adentrar no recinto. Hells Angels é um clube de motociclistas originário nos EUA, e com este subsidiário aqui em Manaus. Um reduto para os quarentões com vontade de se livrar das mais variadas amarras sociais, por meio da “terapia libertadora do vento no rosto de uma motocicleta em alta velocidade”.
Eu entro, e com o passar do tempo meus olhos vão se acostumando com o ambiente. Fora o clip de alguma banda de metal que envolvia strip tease sendo exibido no telão do local (que em pouco tempo é trocado à pedido de algumas das senhoritas,e substituído por um deveras simpático show do ZZ Top), eu percebo que o lugar nem é tão hardcore: alguns jovens estão de camisa pólo, e quase todos se distraem com sinuca, alguns jogam poker, dominó, xadrez e coisas afim. Outros sentam-se ao redor de rústicas mesas de pedra, bebendo coca-cola (sim, coca-cola) ou Red Label, jogando conversa fora. Felizmente, nenhum dos presentes tem caráter expansivo ou violento, então são todos muito simpáticos de maneira geral. Um, inclusive, teve a delicadeza de oferecer um saquinho de cocaína para o meu amigo Marcello, e nunca antes viu a Lua tamanha generosidade.
Sabem o pior? Eu gostei do lugar.
Alguns de nós precisam figurar atrás de caveiras mal-encaradas e da sempre intrigante cor preta para se sentirem seguros. Precisam utilizar adereços de metal, como correntes e pontas (piercings,alargadores de orelha, brincos, ARGOLAS DENTRO DE ALARGADORES DE ORELHA) e podem ser completamente contrários à política das caras-sorridentes. Mas isso não diz absolutamente nada sobre a pessoa, se você inquirir o montante. Roupas intimidadoras e diferentes são a melhor maneira de chamar o tipo de amigo pelo qual você se interessa até você. O mais interessante é que, após o momento inicial lá dentro, você percebe que ninguém está te encarando. Pelo contrário, às vezes alguém esbarra no seu ombro, mas foi só um acidente: logo a pessoa se vira e pede desculpas (sou testemunha!). Sabem o que eu quero dizer? Lá, eu me senti tranquilo, confortável. A noite estava mansa, e o lugar todo é espaçoso. Muito melhor que adentrar num covil de jovens moderninhos desses que fazem tanto sucesso nas noitadas de Manaus; lá é que é a terra da gente bonita e bem vestida, mas realmente não exatamente o meu. Não. Estou planejando voltar no Hells Angels semana que vêm, que é onde as probabilidades de eu ser esfaqueado nas costas ou virar alvo de intriguinhas adolescentes é menor.
E quem sabe eu não compro uma Harley-Davidson e me junto ao clube? Pelo menos, não vou mais começar a suar sempre que tiver de fazer uma baliza!

domingo, 25 de julho de 2010

Pseudo-Intelectualidade: Não Faz Sentido

Então, eu muito tenho ouvido falar desse tal Felipe Neto. Recentemente eu descobri então que eu JÁ o conhecia: era aquele maluco escrachado do vídeo falando a verdade (ou algumas das delas) sobre Crepúsculo que eu tinha visto um tempo atrás. O nome do web show dele é “Não Faz Sentido”, e ele se propõe a expor o ponto de vista dele para quem quiser ouvir. O problema dele é simples: ele é um otário.
Bem, a primeira vez que eu vi o vídeo que ele fez sobre Crepúsculo, eu tenho que admitir que ele falou exatamente o que eu pensava. Nada demais, só mais alguém que entendeu como aquela porcaria toda começou. Bem, esse é o problema, na verdade. Ele fez um vídeo de 10 minutos, se esforçando ao máximo para tirar graça utilizando piadinhas infames bem ao estilo “aquele-seu-amigo-chato-que-quer-taaaanto-ser-engraçado”, e conseguiu 23 milhões de views no Youtube, o que é uma marca considerável. Eu cheguei às mesmas conclusões enquanto pegava o 125 pra chegar na faculdade, no meio naquela bomba de carne que é um ônibus lotado. (Você nunca sabe quando ele vai finalmente ceder à pressão interna e explodir 100 pessoas pelos ares!)
Olha, é chato criticar o cara. Ele fala as coisas até certinho. Exceto no vídeo sobre Fiukar, que parece ter sido feito de qualquer jeito depois que ele viu o sucesso que foi o vídeo sobre Crepúsculo. Isso é óbvio; notem como ele passa os 30% finais do vídeo pedindo ele mesmo votos para o VMB, que ele foi indicado; isso num vídeo de 7 minutos, consideravelmente menos que o anterior. Mas deixem o cara, ele acha que conheceu o sucesso. O problema nem é esse; ele infelizmente deixou claro que é propenso a falar merda.
Senhor Felipe Neto, aqui vai a minha opinião própria sobre os astros que dizem amar seus fãs: é claro que eles podem amar! Lógico! O sonho de um artista é ver sua arte ser compreendida e enaltecida. Oras, se isso acontece de fato, e de repente o artista se vê cercado de todo tipo de admiradores, lógico que ele vai amá-los! E ele pode falar tal coisa com todo o coração, se ele for um verdadeiro artista, e não estiver atrás de dinheiro. Eu gostaria então de pedir que o senhor abrisse um pouco mais a sua percepção do que é amor, e entendesse que existem tantas e variadas formas de amar que não se é possível abordá-las todas num blog. Um artista naturalmente ama aqueles que o enxergaram no meio da insignificância do cotidiano, como um homem à se afogar ama aquele que lhe estendeu a mão e o puxou do sofrimento da água. Ah, e aquele seu exemplo do garoto que é fotografado na escola é simplesmente patético, e o pior, é um sofisma: não se trata da apreciação das qualidades de alguém, mas de puro stalking: perseguição, o que é crime e é assustador. E oras, o senhor mesmo termina o vídeo pedindo votos. O que o senhor fez, senhor Felipe Melo, foi pedir a atenção de seus fãs como o faz qualquer outro artista, só que de uma maneira diferente. Nem eles, nem o senhor estão errados ao fazê-lo. E eu não digo isso como um jovem iludido e acéfalo, eu digo isso como alguém que procura ver o outro lado da moeda. Ah, e alguém que não tem nada a ganhar pela maneira que tem de ver as coisas, como outros tipos de pessoas, que têm indicações no VMB e tudo... Digo, eles PRECISAM abrir a boca, não? Se não, eles caem no esquecimento.
Mas eu admito que a culpa desse rapaz não está realmente nele. Tudo o que ele faz é trazer à mesa uma opinião que não é COMPLETAMENTE idiota; é apenas mediana. O problema é que a adolescência moderna, sinto dizer isso, é idiota. Tem uma mentalidade obtusa. É incapaz de formar opiniões. Porque ela NÃO LÊ. A cabeça do jovem moderno é uma cabeça de rádio. É uma cabeça de televisão. Jovens são tão influenciáveis quanto, oras, cachorros adestrados. E não leva um gênio para sacar isso; leva apenas alguém com desprezo o suficiente pelo sistema. Alguém como o Felipe Neto, como eu, como tantos outros! Agora, isso nos leva à uma outra questão: eu disse que a juventude não sabe das coisas porque não lê: percebam agora como o show, de sucesso, do Felipe Melo é em formato de vídeo. Estão vendo a sacada? O que ele faz é tentar parecer sagaz e original, quando tudo o que ele fala é na verdade conteúdo batido, só que previamente escrito. O sucesso dele é a PREGUIÇA da juventude moderna!
Talvez eu deixe de escrever, e comece a fazer vídeos, como ele. Sabe, para ver se fico popularzinho.
Nãão, péssima ideia. Vai que o sucesso me sobe a cabeça, e eu paro de pensar, e começo a ser mais um jovem babaca. Desses que fazem vídeos no quarto de empregada da casa,que já é meio escuro, e ainda por cima usando óculos escuros tipo moscão. Deus me livre.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Da prateleira bélica

http://www.youtube.com/watch?v=uSMlIM9zLio
Você pode viver o bastante para ver tudo o que há para ser visto. Um amanhecer aquarelado, daqueles que derramam o laranja mais vivo e eletrizante que tecnologia alguma jamais conseguirá reproduzir, quando o sol exerce soberano e altruísta sua doação mais inconsequente. Você pode conseguir presenciar o momento simplesmente exato de uma noite em que o raio dos raios corta toda a criação numa batida de coração, suas veredas se esbanjando em todas as direções e iluminando todos os sorrisos e lágrimas do mundo, para então se enraizar funda e dramaticamente no solo, o que vem a ser precisamente o lembrete de que necessitamos de que Deus ainda caminha entre nós, e está em cada vitória e em cada superação. E quem sabe você um dia poderá ser o dono de palavras que mudarão o mundo, palavras que viajarão através dos únicos continentes inóspitos entre si, quiçá inimigos um com o outro, que são as mentes humanas.
Nada disso, entretanto, se compara, mesmo que de perto, à profusão violenta de sentimentos que estouram no peito de uma pessoa que vê seu ente querido, tão querido, adentrar na sala pela porta da frente, inda de macacão camuflado; um estranho em seu próprio lar, deslocado do que é certo e justo. Um abraço, um beijo, você voltou. E pouco do que você verá será tão belo e impactante, rápido e decisivo, emocionante e surpreendente quanto a face de um filho em metamorfose quando do momento único que é a volta de um pai das entranhas da morte. Quando sua face se contorce em expressões esticadas e se esparrama conformada no rosto, para culminar então, sempre, numa perfeita gravura do que deve ser a piedade divina; o choque, a confusão, o entendimento; são sentimentos e expressões serenadas na pele.

domingo, 4 de julho de 2010

Melhores que a gente

Digo, eu nem sou um torcedor alucinado. Nem bebo Brahma nem sou chegado em Nike. Não sou peladeiro compulsivo, e da última vez que joguei futebol na quadra aqui do condomínio, bastaram 30 min para deixar duas grandes bolhas em ambos os dedões; olha mãe, tenho pés-de-moça. Mas ainda assim, eu curto futebol. E ver a seleção brasileira ser eliminada foi bem desagradável.
Não sou chegado a torcer para timecos; Flamengo, Vasco, tanto faz; o que me interessa é o panorama mundial. E a Copa do Mundo é muito do meu interesse. E presenciar o nosso time ser derrotado por um time como a Holanda é... incômodo. Vamos lá, nem a Holanda acreditava que ia ganhar. E de fato, o Brasil fez muito mais gols que ela durante o jogo. 3, para ser exato. Pena que um foi invalidado e outro foi contra; detalhes, detalhes. Ainda assim, não foi a derrota que me entristeceu, afinal a derrota faz tanto parte do jogo quanto a vitória. O revoltante foram os tais termos da derrota.
Mas todos já diziam que o Brasil ia perder. Todo mundo criticava a seleção do sr. Dunga. Não importa que todos tenham vibrado com os gols do Brasil, que todos tenham comemorado suas vitórias; não, agora sobramos nós com pedras nas mãos. Todos querem um Judas. Dunga, por causa da escalação, Felipe Melo, porque de alguma forma todos profetizavam que ele ia se esquentar em algum jogo e fazer besteira, as estrelas do time (Robinho, Kaká, Luís Fabiano), por causa de suas atuações medíocres, Mick Jagger, porque sua torcida invariavelmente leva o time alvo à ser destruído, Elano, porque não aguenta entrada dura de negão, Maradona, eu, a cor das paredes do estádio, James Cameron. Sei lá, vai ver foi o conjunto.
Olha, o Dunga infelizmente não estava preparado para uma situação de pressão como essa. Quando a Holanda passou na frente, ele simplesmente não sabia o que fazer. Os jogadores, foram ineficientes. Estávamos sem nenhuma ponta de lança qualificada. Mas vejam bem, foi o conjunto. Não há dizer que um fator apenas foi o suficiente.
Não me prolongarei hoje. Apenas gostaria de dizer que destruir o ex-técnico Dunga por causa dessa derrota é ridículo; ele, pelo contrário, fez muito bem tudo o que estava ao seu alcance. Desprendam-se da influência esmagadora da Globo e percebam que a culpa não é dele, mas dos que lá o botaram, como quem se utiliza de peneiras para se livrar do sol, e que não tiveram a iniciativa de retirá-lo quando o tempo era necessário. E gostaria de dizer também que castigar jogadores é desnecessário; a derrota de fato não foi nossa, mas pesa nas costas deles.
Resta esse time dar as mãos à Virgílio, a viagem é longa.

Uma piada infame: Agora temos 1 Dunga, 11 Sonecas e 190 milhões de zangados.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

First of all, I'm the boss

Todo mundo tem um ídolo. Uma pessoa em quem se espelhar. Somos atraídos por esses indivíduos de projeção abrangente; rostos na TV, vozes na rádio, fotos nas revistas. Além da imediata simpatia com que encaramos a pessoa, surge o interesse de conhecer a sua vida, assimilar seu talento, entender o por quê da projeção. Personalidade, este é o centro da questão. Personalidade é aquela aura que emitem os seres humanos, e podem servir tanto para aproximação quanto para afastamento. E é essa personalidade pulsante que nos faz orbitar ao redor de suas batalhas e de suas conquistas. Nos interessamos pelos seus problemas. É uma necessidade que temos a de abstrair as nossas próprias vivências, os nossos próprios interesses, noutra pessoa. Palavra: Influência. Às vezes, essa ligação pode provocar profundas mudanças no recém-proclamado fã. Eu sei disso, oras. Muitos devem saber, eu sou um fã inveterado, aficcionado e devotado do sr. Marshall Mathers, aka. Eminem.
Eminem é o cara. He's the boss. Um cara mal-acabado, azarado, chutado de todas as direções, traído, desestimulado, que conquistou o rap. Como carne de cachalote, ele só precisou de uma pequena combustão inicial, e desde então fornece o óleo do próprio corpo para manter acesa a chama que o impulsiona para frente. E quando eu digo óleo do corpo, eu estou sendo praticamente acurado: é a sua eterna desgraça pessoal que traz a sua fama; como um contrato com o Diabo, ele só pode ter uma das duas coisas, mas ele estará sempre fadado à infelicidade.
Desde sempre, o que o rapper nos oferece é uma demonstração de genialidade enviesada; Eminem dissemina o ódio. O ódio em suas variadas formas, desde a simples (porém não menos eficiente) ironia, até os ataques diretos, recheados com a energia verbal que só ele consegue imputar em suas músicas. Ele não tem amor próprio quando se trata de destruir o próximo; o seu circulo de confiança é próximo da inexistência, e o seu respeito pelo que é alheio é como o dia 31 de fevereiro.
O mundo tratou com descaso o rapper, e o rapper paga com descaso pelo mundo. É um sentimento natural, chega a ser vulgar de tão simples. Mas é daí que nasce aquele tipo de genialidade disforme, imprópria, que eu tanto admiro. O Eminem é a desculpa que eu tenho para detestar tudo o que me detesta.
E recentemente, o rapper voltou da 'aposentadoria; . Com mais problemas do que nunca; o que é morbidamente normal. Drogas lícitas, perdas intragáveis, o Eminem anda com a vida fora dos eixos. Suas responsabilidades estão de pernas para o ar, e ele se sente culpado por tudo o que vêm acontecendo. Ele é extremamente inseguro, então os seus últimos álbuns refletem o que há de mais puro nele: são projetos artísticos desconexos, o primeiro sendo meio sem rumo, uma tentativa do rapaz de aliviar suas frustrações por meio de todo tipo de patologia conhecida pelo homem, enquanto o segundo já oferece uma decisão sólida do que ele quer perseguir.
O primeiro, Relapse, não foi tão bem recebido pela crítica. Bruto em excesso, e sem motivos, com produção fraca. Já o Recovery, que foi lançado esta segunda feira, dia 21 de Junho, tem uma produção que, embora passível de críticas, é indubtavelmente mais elaborada, e tem um Eminem que cospe seus versos de maneira voraz e astuciosa, mirando alto e tentando sair da cova em que esteve nos últimos anos. Como ainda não está de todo inteiro, o rapper ainda está meio distante do que era em seus anos áureos, representados pelos seus 4 álbuns iniciais.
A verdade é que estamos em 2010, e ele já tem 11 anos de carreira; mais do que 99% dos rappers por aí (todos, eu poderia dizer, fora o sr. Jay-Z). Não seria errado dizer, também, que o motivo pelo qual ele não tem recebido tanto crédito é que os críticos, e os fãs, não querem mais saber dele. Eminem tem 37 anos, já é pai de família e tem responsabilidades adultas. Ele não é mais tão magnético para os jovens, que só querem saber de sair para festas e, por que não, putaria.
Mas eu continuo aqui. Assistindo o desenrolar da vida de um grande homem. Eu anoto todas as lições de ódio que ele dá. Eu tento imitar o jeito dele de andar. Porque no final das contas, não tem nada que eu ache mais soberbo do que a luta de alguém contra, oras, si mesmo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Hodiernamente, Direito Internacional Público

Estive estudando. Amanhã tem prova de Direito Internacional Público, e é bastante coisa para rever.
Já contei para vocês que o meu professor de DIP lançou um livro? Anham, ele lançou. Pela Valer, aquela livraria/editora que tem ali no Centro. Eu vou agora redigir-lhes um texto sobre relativo às minhas últimas experiências na faculdade , e inclusive vou utilizar o dialeto que o meu professor utiliza no livro dele, que ele jura ser o bom português
.
Hodiernamente, eu curso Direito,na Universidade Federal do Amazonas, a UFAM. Vêm a ser um dos cursos mas conceituados da faculdade, a Universidade Federal do Amazonas, a UFAM (Não que isso valha muita coisa). Eu tenho cincos matéria, na Universidade Federal do Amazonas, a UFAM. Isto se acontece-se por causa do Princípio das Cinco Matérias da UFAM, e para o compreendê-lo, é necessário levar em conta a origem do aluno originário da faculdade de origem; em suma, hodiernamente, o bom discente tem uma grade de matérias que tome apenas razoavelmente o seu tempo, para que ele possa estudar. Isto é o dogma do Princípio das Cinco Matérias da UFAM, e faz parte do Jus Cogen, que é a reunião de princípios consagrados da Faculdade.
Dentre estas cinco matérias, está o Direito Internacional Público. Hodiernamente, infelizmente, eu não gosto muito do professor de Direito Internacional Público, porque o professor de Direito Internacional Público me passa a impressão de que pouco sabe da sua matéria; Direito Internacional Público. Uma pena, porque o Direito Internacional Público é de fato uma matéria muitos interessantes. Agora, o motivo do meu desinteresse se pode-se ser conceituado-se com os quatros seguintes princípio:
1) Princípio do Professor Canastrão: Um cara formado em Direito pela Faculdade de Maringá (?), com Mestrado em Direito Civil e Doutorado em Direito Constitucional em outras faculdades cujo nome eu nems lembro mas, ele escreveu, hodiernamente, um livro sobre Direito Internacional Público, e na sua foto de contra-capa, está diantes de um montes de livros de Direito Penal. Como você pode ver, ao invés de saber muito de uma coisa, ele conseguiu ficar sem saber nada de tudo.
2) Princípio do Livro Obrigatório Ridículo: O bendito livro por ele escrito, adivinhem, é o livro que ele quer que nós leiamos. Ei de sintetizá-lo para vós numa singela equação:
(Plágio/Resumo do livro de H. Accioly)³ + (Erros de português)² = Livro
Eu tenho o livro do Accioly, e é muito bom. Me faz gostar da matéria. Mas eu sou obrigado à ler a versão 'Barba Ruiva'. Isso me deixa impossivelmente triste.
3) Princípio da Aula Chata: Como não poderia não deixar de não ser, ele dá uma aula hodiernamente chata, que vai contra as regras do tempo e espaço; 5 minutos = 5 horas.

Sério gente, não escrevo para desmerecer ninguém. Mas Ninguém, numa atitude egoísta, pode ter prejudicado seriamente a turma; sei que eu me sinto muito prejudicado. Então aqui fica a minha crítica.
À propósito: Hodiernamente, Pact Sunt Servanda

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Príncipe do Nada: Areias de Merda

AVISO: SPOILERS GRAVÍSSIMOS, GROTESCOS E ABSURDOS SOBRE O FILME PRÍNCIPE DA PÉRSIA. NÃO LEIA SE VOCÊ AINDA DESEJA ASSISTÍ-LO NO CINEMA!

Olhem só, calças jeans azul, vermelha e brancas com estrelinhas brancas enfeitando os bolsos foram arreadas, e mais uma película escatológica foi excretada nos nossos cinemas. Explico-me.
Prince of Persia era um jogo e tanto. Correr nas paredes e parkour em geral, mil e uma maneiras diferentes de se matar os inimigos, lugares mitológicos, personagens entrosados e estórias descoladas, o jogo tinha tudo para apaixonar os jogadores de Playstation 2. E agora, depois de anos de promessas e anos em produção, temos o resultado.
É uma tendência a infantilização do nosso cinema, isso é fato. Não temos mais mentes interessadas no chocante e no brilhante, temos vontade de comer pipoca. Razão disso é, oras, quando foi a última vez que você saiu do cinema sem entender plenamente o que assistiu? E ainda assim, sem se dar ao trabalho de tentar entender,e auferir o significado subjacente da obra? Ninguém faz isso, não mais. Até porque não há demanda. Mas oras, isso não é desculpa para esse retardamento com o qual me deparo num filme tipo Príncipe da Persia: Areias do Tempo.
Fui assistí-lo na pré-estréia, claro, como qualquer fã que se preze. O filme é sobre um, duh, Príncipe Persa que encontra uma adaga mágica, que por sua vez se utiliza das tais areias do tempo para proporcionar ao seu portador um breve retrocesso no tempo; artefato muito cobiçado pelo conselheiro do rei. Esta é a história do filme que tem em comum com a do jogo; as alterações do filme são que agora o príncipe tem 3 irmãos, o conselheiro é seu próprio tio, e uma série de personagens secundários infundados são acrescentados. Ah, e no jogo o príncipe não tem nome,já no filme ele foi insipidamente nomeado Dastan, o tipo de nome que me dá vontade de cospir. E o objetivo do vilão no filme é bobo: ele quer reunir a adaga à outra parte do instrumento concedido pelos deuses persas (já que a adaga e essa outra parte formam um instrumento só), uma ampulheta gigantesca cheia dessas areias, o que teoricamente poderia alimentar a adaga tempo o suficiente para que ele voltasse o tempo até onde bem entendesse, evitando assim salvar a vida do irmão num momento específico, e tornando-se rei, cometendo assim um crime sem cometer crime nenhum. O que ele não sabe, é que se ele tentar fazer isso, a ampulheta irá rachar e, opa, Armagedon, Apocalipse, Fim dos Tempos, Sex and the City, você escolhe o nome da tragédia . Logo se torna objetivo do casalzinho levar a tal adaga à um certo lugar que nem eu sei direito o que significa, mas que por algum motivo deixaria a adaga salva para todo o sempre.
A relação que estrutura o filme, do príncipe com a moça com quem ele se aventura, é divertida mas não chega a ser gratificante.O diretor, espertamente, se aproveita do mais óbvio benefício dramático que uma trama assim pode conceder: ele sai matando seus personagens um a um; o que serviu apenas para fortalecer minha convicção de que ele iria inevitavelmente levar o príncipe numa viagem temporal para antes de que qualquer coisa tivesse se tornado interessante, extirpando assim quase que por inteira a graça do que se passava na tela; olá, estou assistindo um filme que nunca aconteceu, me dê um pouco da sua pipoca, valeu. E olhem só, estou com uma coceira atrás da orelha: por quê, DIABOS, os Deuses persas dão uma porcaria de uma chave para o Apocalipse para os humanos idiotas guardarem, e ao mesmo tempo dá o lugar onde a tal chave poderia ser guardada para sempre em segurança, e ninguém nunca ligou os pontos até o momento em que a destruição se torna inevitável? Digo, vamos manter aqui a porcaria do artefato apoteótico sem experimentá-lo ou sequer dar-lhe uma utilização besta tipo evitar que o pão onde acabamos de passar manteiga caia no chão, ao invés de selá-lo em eterna proteção contra a natural vilania humana. O filme é, tudo considerado, uma besteira, uma bobagem. Ninharia. Um mimo tolo de 200 milhões de dólares.
Como todas as adaptações de video games, poderíamos passar sem.
Fica agora uma última comiseração minha: oras, se a adaga não poderia ser utilizada enquanto fincada à tal ampulheta sem proporcionar-lhe uma rachadura e desencadear assim a destruição mundial, como que no final o vilão assim faz ocorrer, e por longo tempo a mantém fixa dentro da ampulheta, até que o príncipe a retire, e ainda assim este consegue voltar longamente no passado, propósito este que estava descartado pelas próprias instruções divinas?
Ah, não enche, Príncipe da Pérsia. Não sei quanto a você, mas a minha vontade após assistir o filme era ter eu mesmo uma adaga mágica daquelas, e voltar no tempo o suficiente para evitar pagar o meu ingresso.