terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Essa boca de povo

As pessoas não querem sair do cinema pensando”, disse um agente da companhia Paris Filmes, responsável por algumas das comédias nacionais de maior sucesso.

Eu estava lendo uma reportagem sobre a comédia brasileira moderna (onde encontrei a citação acima) e reuni alguns fatos interessantes: o cinema nacional é basicamente sustentado pelo gênero da comédia. Antes vista como “porcaria disfarçada pelo desfile de mulheres peladas”, esse nicho foi ressuscitado e recauchutado num processo que teve início com o filme “Se eu fosse você”, de 2006. Desde então, a bilheteria tupiniquim vem se regozijando com as impressionantes cifras abocanhadas pelas comédias de maior sucesso – valores de monta tal que pagam custos de produção totais de menos 6 milhões de reais com lucros de mais de 30 milhões. Interessante é que, na pesquisa feita pela reportagem, esclarece-se que de cada 20 salas de cinema responsáveis pelo sucesso comercial, no mínimo 13 estão em locais de periferia/ baixa renda. Isto ilustra o público alvo: gente com instrução desinstruída.

Pera, não fui eu que disse isso. Os próprios roteiristas e produtores dos filmes foram quem expuseram esse fato.

Não fazemos comédia para alemães ou suíços (gente instruída = não brasileiros). Se tiver muita sutileza ou uma tirada sobre Nietzsche, o público não vai entender (porque são imbecis e incapazes de conhecer noções filosóficas com mais de 100 anos de idade)”, disse um dos produtores de “Até que a sorte nos separe 2”.

Aliás, viram o que eu fiz ali em cima? Botei entre parênteses a interpretação apropriada para a citação, em caso de você ser brasileiro (babaca). Então, espero que vocês entendam onde isso tudo me toca: o cinema brasileiro é, em sua maior parte, uma bela bosta. Sério. Meu deus, como eu odeio a comédia brasileira. Eu tenho acompanhado alguns filmes recentemente, como “O concurso”, “De pernas pro ar 1”, “Meu passado me condena”, “Até que a sorte nos separe 2”, e preciso congratular os responsáveis por esses títulos, pois eles conseguiram algo no mínimo impressionante: transformar cinematografia podre, atuação moribunda e roteiros comatosos em minas de ouro. Aliás, acho que, somando as experiências de assistir a todos esses filmes, eu devo ter perdido uns 52 pontos de QI no total. Acho que vou baixar e assistir ao “Se eu fosse você” e finalmente perder a capacidade de entender o funcionamento de maçanetas.

O mais recente destes a que assisti foi “Até que a sorte nos separe 2”, e preciso dizer que o Anderson Silva, o lutador de MMA que faz uma pontinha no filme, tem o talento de uma lamparina para a atuação. Mas eu relevei; afinal, ele é um excelente lutador. O que eu não relevei foi o desempenho do protagonista, Leandro Hassum, que atua tão bem quando o Anderson (ou uma lamparina). Aliás, gostaria de expressamente avisar aos meus amigos que por ventura tenham tendências suicidas para que fiquem longe do filme, já que eu mesmo, saudável e contente com a minha vida como sou, tive vontades acachapantes de enfiar o nariz no copo de refrigerante e me afogar na Coca-Cola em busca de um fim mais aceitável.

Como bem sabem as pessoas que escrevem esses filmes, o público brasileiro é idiota e vai pagar para assistir babaquice. Como bem sabem as pessoas com desígnios políticos, a sociedade brasileira é idiota e vai votar para eleger mentiras mal contadas e partidos incompetentes. Ao menos há harmonia no cenário nacional, não é mesmo? Enfim.

Eu não sei se há esperança para o Brasil, gente. Eu realmente não sei. Eu me pego pensando com frequência: “Que país é esse?”. Brasileiro não lê, acho que é esse o problema fundamental. Brasileiro só lê livro de receita da Ana Maria Braga e livro de autoajuda financeira (aliás, o “Até que a sorte nos separe” é baseado num livro desse tipo). Vocês já notaram que até os nossos jornais estão em franco processo de “abestalhamento”? Aqueles “25 Centavos” da vida, sei lá o nome real, que colocam na primeira página mulheres seminuas (“porcarias disfarçadas por mulheres peladas”), com matérias redigidas em tom coloquial (porque o povo não entende escrita minimamente formal) e manchetes ofensivas são um exemplo. É a cultura do Bolsa-família, da política alienante que busca a alienação política. A política brasileira obriga o brasileiro a votar e em contrapartida emburrece o brasileiro para que ele não entenda seu meio social e vote errado. E o Leandro Hassum fica rico no entremeio.

A grande maior parte dos 155 milhões de brasileiros é alienada, desinformada, sub-educada e resignada. Até os nossos embates políticos tem alma efêmera (20 centavos) e amplitude mínima.


Acho que quanto mais eu caminho em direção a uma maturidade intelectual, mais estou fadado a detestar o meio sociocultural onde me encontro. Acho que o “jeitinho brasileiro”, tão ovacionado e conhecido, é de fato o responsável pela ignorância massificada. Acho, acima de tudo, que o jeitinho existe porque o brasileiro simplesmente não tem jeito real. E acho que, como cinéfilo de coração, estou fadado a viver numa nação de mediocridade à lá Leandro Hassum: volumosa e sem propósito. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Blackfish e South Park


Um dos meus ditados pessoais é: 

"Não há tópico de relevância social que já não tenha sido devidamente levantado e satirizado por South Park". 

Já sei o que você vai fazer: não vai nem ler o resto porque South Park é baboseira, né? Haha, não leia mesmo. Não é pra você que pensa assim =*

O desenho é insanamente bem escrito, principalmente levando em consideração que já é antigo (17 temporadas e 1 filme!!), e, por mais que 95% das pessoas achem que eu exagero quando falo da relevância do programa, possui qualidade inegável sustentada pelo sucesso de crítica que o acompanha temporada após temporada, assim como pelos muitos Emmys já recebidos.

Você fala em humor crítico moderno, eu penso primeiro em South Park.

E lógico, mais uma vez, me peguei pensando no desenho enquanto assisto Blackfish, o documentário que está causando rebuliços intensos na população norte-americana ao advogar pelo melhor tratamento das baleias utilizadas em shows aquáticos (e que passou a chamar ainda mais atenção ao ser esnobada pelos Oscars). 

Finalmente, pela primeira vez, o público está prestando atenção nesse tópico que tem plano de fundo cultural de ligação umbilical com o desenvolvimento norte-americano.
Mas ei, as cabeças (que se dizem) pensantes do país podem até ter se voltado para este problema apenas agora, ou quiçá em 2010 com a morte da treinadora Dawn durante um show exibido em 2010 no Sea World de Orlando, mas South Park já levantou o tópico MUUUUUITO antes, em 2005. Foi em Novembro de 2005 que o programa exibiu um episódio onde os protagonistas vêem que as condições em que as baleias são tratadas são insatisfatórias e precárias, assim como a razão para tal (os ticket$$$ do público) é frívola, além do que elas mesmas são um perigo para os treinadores. Decidem, portanto, salvá-las. 

O problema, e que é menos problema do que é objetivo primário dos autores, é que o aspecto infantil e as piadas grosseiras afastam tanto o público que se diz "culto" e "sofisticado", que muita (MUITA) coisa passa batida. E eu digo que é objetivo dos autores simplesmente porque, de fato, o mundo não está preparado para a carga violenta de humor engajado do programa. Os autores estão muito à frente da capacidade popular de digerir sátiras. Por isso eles foram obrigados a acatar esse formato aparentemente infantil: para não serem manchete todo santo dia (e olha que eles já são manchete até demais! haha). 

Vocês querem saber o desfecho do episódio? As crianças mandam a baleia para a Lua. Idiota? Idiota ou uma crítica extremamente cínica em relação à impossibilidade de convivência entre a ganância humana e a fragilidade do Meio Ambiente? 

Lembrem-se: há muita babaquice no humor moderno, muita mesmo. Mas em South Park... pouquíssima.

Palmas para Blackfish, que é EXCELENTE. Mas desculpa, você chegou depois.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Loja de Bonecos

Este texto foi escrito e esquecido por mim em Abril de 2012. Achei-o hoje e decidi publicá-lo, mesmo sem final, por achá-lo interessante!

Essa loja de brinquedos é diferente. 
Os bonecos que ela vende, ela é que manufatura. Não sei que produção é essa, não sei que meticulosas mãos são essas que delineiam  e detalham  os produtos de forma tão insanamente perfeccionista. Os resultados finais são obras-primas tão íntegras, tão símiles, que o toque às mãos deixa emocionado qualquer que o ouse. Encostar nos bonecos é como encostar em pele real, talvez sinta-se até o calor por baixo dela. Seus olhos parecem emitir aquela luz dos olhos das coisas que vivem. Os cabelos estão lá, só falta crescerem, seus fios tão belos e naturais que muitos humanos se curvariam em inveja. Até seus lábios possuem uma maciez tentadora; tudo isso em bonecos de 10 cm de altura. A única coisa que denuncia sua artificialidade é um pequeno botão localizado naquela parte das costas que humano adulto algum consegue encostar com seus dedos. O que fazia o botão foi uma curiosidade que me consumiu desde o primeiro minuto em que os vi na vitrine.
Fascinado, comprei dois: um casalzinho. Levei-os para casa na sacola contagiado por uma emoção de difícil explicação. Ao chegar, coloquei-os numa cômoda larga; fiquei abismado ao notar o quão fácil era deixa-los de pé. Seus pezinhos formavam base perfeita que, combinada com o peso e a inclinação da coluna, sustentavam os bonecos quase como se assim eles desejassem. Observei-os por minutos a fio, tentando absorver cada detalhe, cada minúcia de seus corpinhos. O rapaz imitava perfeitamente um jovem entre seus 25 e 30 anos, com traços de barba, trajando blusa e jeans. A garota, não com menos perfeição, era uma mocinha de idade semelhante que portava um vestido azul. Decidi então descobrir finalmente o que fazia o botão; peguei o rapaz e pressionei o botão em suas costas. Fiquei então olhando sua face, esperando qualquer sinal de movimentação. Ele apenas continuou me olhando da mesma forma estática. Frustrado, coloquei-o de volta na cômoda, derrubando a mocinha de costas no processo.
Voltei-me e fui procurar a caixa da loja na sacola. Achando-a, tentei localizar seu número de telefone, pronto para soltar alguns palavrões ao dono, acusando-o de vender bonecos problemáticos. Lembrava-me bem que o senhor me prometera que os bonecos faziam algo simplesmente inacreditável quando pressionados seus botões. Mera baboseira, falsa propaganda para atrair os consumidores incautos como eu. Achando o número, peguei o telefone e disquei-o. No ato, virei-me novamente para encarar o produto defeituoso. A surpresa que tive fez com que eu derrubasse não apenas a caixa que eu segurava em uma mão como o telefone que eu segurava na outra; e a boca, fazendo sumir qualquer intenção de me utilizar de palavras feias.
Na mesa, o rapazinho de 10 cm de joelhos estava, ao lado da mocinha, e lhe sacudia os ombros. Falava-lhe baixinho, segurava suas mãos, tentava chamar-lhe atenção de toda forma. Suas pernas e seus membros em geral não possuíam articulações visíveis, mas até os dedinhos agora se dobravam, se abriam e se fechavam como se por baixo da camada suave de pele houvesse as mais complexas e minúsculas peças de engenharia. Sua boca se mexia deixando visualizar esporadicamente fileiras de dentes branquinhos. Logo percebi que o bonequinho não me notava ou era incapaz de me dar atenção, mesmo  que por vezes olhasse ao redor, como que procurando alguém que pudesse ajudar a outra bonequinha.
                Movido por uma sensação estranha de urgência, peguei a bonequinha de onde ela se encontrava. Notei que o boneco, por sua vez, ao que retirado o objeto de sua atenção  da frente de seus olhos, simplesmente permaneceu imóvel. Rapidamente pressionei o botão da bonequinha.  Olhei-a ainda em minhas mãos, sem saber o que esperar. Nenhum movimento. Depositei-a então onde antes estava, da mesma forma que havia lhe tirado. Vi então ela piscar os olhos e começar a se mover. Na mesma hora, o boneco que antes estava imóvel voltou a mover-se. Seus olhinhos diminutos se encontraram. A coisa mais estarrecedora aconteceu a seguir:
Os dois bonequinhos se abraçaram.

Levei as mãos à testa, sem conseguir acreditar no que meus olhos me ofereciam.
                                      (Não lembro por que não dei prosseguimento!)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Resenha literária: "A visita cruel do tempo"


Resenha: “A visita cruel do tempo”/ “A visit from the goon squad”, de Jennifer Egan

O ramo da música está decaindo, mas não é por causa da internet. Pelo menos de acordo com o livro “A visita cruel do tempo”, de Jennifer Egan, a culpa real deste fato é a notória ausência de talento da nova geração de artistas. Não que o seu interesse neste tema seja essencial para que você se apaixone por essa espetacular obra; apesar de ser um dos temas do livro, ele não é, nem de longe, o seu fio de meada. Não: ele, como todas as outras estórias do romance, são apenas formas que a autora utilizou para abordar o tópico real: a passagem do tempo.

                Centrado num conjunto de personagens vagamente conectados (alguns mais do que outros), o livro é contado através de 13 capítulos, sendo o foco interpretativo de cada um centrado em personagens distintos. A estória se passa no decorrer de 40 anos, e prioritariamente na cidade de Nova York. Comumente, cada personagem narrado já foi apresentado anteriormente através dos olhos de outro personagem. O interessante é que sempre que essas personagens são apresentadas pela primeira vez, elas estão em algum ponto confortável de suas vidas; quando o livro decide que é a sua vez de tomar o centro, entretanto, comumente somos levados a um momento turbulento de suas vidas. Não que isto seja uma regra primordial, ou que sempre que acompanhamos alguém, este encontra-se na mais miserável situação de sua vida, não. Mas indubitavelmente, ressalta-se o interesse da autora em aproveitar os conflitos mais significativos de cada um, ao mesmo tempo que assegura-se ao leitor o proveito de uma narrativa bem sincronizada e no ritmo ideal. Quiçá haja leve tropeço no desenvolvimento do último capítulo, que é de longe o mais fictício (tendo em vista que se passa numa Nova York do futuro), isto pode facilmente ser perdoado com o desfecho emocionante da estória.

                Aliás, há no livro um capítulo narrado exclusivamente através de slides Power Point; sim, este instrumento moderno que é, de outro modo, um recurso chato utilizado por gente chata para apresentar conteúdos ainda mais chatos, aqui é posto em ação para contar esclarecer certas dificuldades familiares de uma forma extremamente inocente, tocante e memorável. Aliás, vale dizer: este capítulo em particular ajudou a cercar o livro de um buzz espetacular, atiçando a curiosidade de leitores e críticos em comum.

                Jennifer Egan é brilhante. Sua narrativa, no mais das vezes, segue o estilo de terceira pessoa. Mas capítulos há em que a narrativa é em primeira pessoa. Há um capítulo, inclusive, em que ela narra VOCÊ! Isso mesmo! Narrando as desventuras de Robb, ela trata o personagem por “você”. Isto saltou-me aos olhos de forma agradável e acendeu-me uma curiosidade literária bem forte, coisa que certamente se passou com todos os outros que dedicaram ao fato alguma consideração. Como se vê, a autora não tem medo de esbanjar seu talento, e as narrativas são sempre eficiente e obedecem a um propósito: seja aproximar, seja distanciar quem lê das ações e sentimentos de quem é descrito. Super eficiente é esta artimanha, até mesmo para ajudar o leitor a se apaixonar por Sasha Blake, que, juntamente a Bennie Salazar, são as duas personagens mais bem exploradas pela obra.

                Todas as personagens são ligadas de alguma forma à indústria da música: produtores, assistentes de produtores, músicos, RP’s, jornalistas... Não impossivelmente, atribuo isto ao desejo da autora de imiscuir sua obra com um profundo conteúdo pop, de modo a localizá-la bem num ramo prático, comum e que definitivamente vêm ele próprio recebendo uma cruel visita do tempo.

                “A visita cruel do tempo” recebeu o Pulitzer de 2011, e é uma das melhores obras que eu já li. Fortemente recomendo sua leitura, tanto àqueles que gostam de livros descomplicados quanto àqueles que preferem algo engajado. Não conheço os livros anteriores de Jennifer (o que pretendo remediar nos próximos meses), mas se eu fosse um homem de apostas, apostaria isto: guarde este nome, pois dentro em alguns anos ele será muito reconhecido. Aliás, Egan já foi listada pela Times como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo no ano de lançamento deste livro, mas o que eu quero dizer é que o reconhecimento que ela já tem pouco se compara ao que ela alcançará, simplesmente porque ela é dotada de um talento maduro e acachapante que, se bem explorado, gerará obras que definem gerações; como esta em especial já fez.

               

               

 

sábado, 16 de novembro de 2013

Miles Scott, o Batman e outras histórias espetaculares

           O Batman é real.

           Eu sempre tive minhas suspeitas, sabe? Mas agora eu tenho certeza. E ao final deste artigo, você vai ter também.

           Miles Scott, natural de Tulelake, na California, é uma criança de 5 anos com leucemia. O diagnóstico aconteceu quando o pequeno tinha apenas 1 ano e 6 meses de vida, e desde então ele vêm batalhando a doença; pode-se dizer que ele passou, de fato, a maior parte de sua vida em hospitais e em consultórios, tomando remédios e fazendo quimioterapia, não podendo brincar e não podendo aproveitar sua saúde. Recentemente, entretanto, a doença entrou em remissão, que é um estado em que ela fica assintomática. Sendo este o escopo de todo o tratamento, considera-se que o pequeno Miles “venceu” sua batalha.
Tomando conhecimento da sofrida história de vida de Miles, a fundação Make-a-Wish foi até ele e perguntou-lhe qual era o seu maior desejo. A coisa com que ele mais sonhava, seu desejo abstrato mais louco. Ele disse apenas que, oras, queria ser o Batman. É bem o tipo de coisa que uma criança de 5 anos diria, não?

           Ué, sem problemas, disse a Make-a-Wish. A fundação rapidamente iniciou um projeto ambicioso, contatando as autoridades da cidade de San Francisco, que é a principal cidade do norte da Califórnia, e espalhando seus planos na internet. Os planos eram “simples”: por um dia, San Francisco seria Gotham City, o pequeno Miles seria o Batman, e ele combateria o crime a pedido do comissário de polícia da cidade. Logo a ideia da fundação se espalhou e os internautas começaram a demonstrar seu suporte: Miles virou sensação nas redes sociais e o plano de transformar San Francisco em Gotham conseguiu 12 mil voluntários.
Tudo veio à fruição ontem (15/11), quando Miles foi conduzido a San Francisco sob o pretexto de ir receber uma bela fantasia do Cavaleiro das Trevas. Chegando à cidade, foi surpreendido com a bela verdade dos planos. Lá, além de receber a prometida fantasia, participou de um circuito bem elaborado que envolvia passear pela cidade num Lamborghini pintado de Batmóvel, conduzido por um dublê do próprio Batman, enquanto vivia simulações que envolveram capturar o supervilão “Charada” no meio de um assalto a banco, assim como salvar o mascote da cidade das mãos do “Penguim”, no meio do estádio municipal. Ao final de suas missões, o jovem foi recebido pelo prefeito numa cerimônia pública, onde recebeu a Chave da Cidade. O tempo todo o “Batkid” (como foi oficialmente apelidado) foi seguido por milhares de espectadores, que gritavam pelo seu nome e torciam por ele.


Poxa, eu já ia ficar feliz só de passear num Lamburghini...
Miles e a chave da cidade
           Esse conto verídico trata, como se constata, da beleza do altruísmo humano. O jovem Miles, ainda em tenra idade, tem como herói e inspiração uma figura oriunda das histórias em quadrinho. O que ele não sabe é o valor de sua vitória: a conquista de uma das doenças mais cruéis pelo ser humano em seu estado mais frágil e inocente; esse tipo de história ressoa no coração de qualquer um, simplesmente porque sabemos que a infância é um momento ímpar no desenvolvimento do homem, tanto pela sua fragilidade quanto pela sua fugacidade e sua magia.


           Miles arrastou-se pelas veredas de sua guerra contra a leucemia movido, dentre outras coisas, em grande parte pela admiração por seu super-herói favorito. Batman, em muitos aspectos, salvou sua vida. Digo isto sem querer, logicamente, atentar contra a importância factual do apoio familiar e médico da criança, mas com o objetivo de ressaltar o lado mais introspectivo do assunto. O Cavaleiro das Trevas ajudou Miles a esquecer da anemia, dos inchaços, das hemorragias, da fatiga, das náuseas, das dores, das constipações, das mudanças nervosas, das mudanças na memória, e dos muitos outros sintomas da Quimioterapia, e fê-lo encontrar força, fé e um motivo para não desistir da vida simplesmente por ser uma das suas fontes de inspiração. E no final, tudo o que Miles queria era poder viver um pouco das aventuras do Homem Morcego, apenas porque acha que elas é que são aventuras espetaculares. Enquanto isto, os milhares de espectadores que foram prestigiá-lo estavam lá para conhecer outro tipo de super herói, e conhecer um outro tipo de aventura totalmente diferente, um tipo mais maduro, mais plausível e muito, mas muito mais espetacular: a aventura de uma criança que sobreviveu a uma doença implacável.

           Porque vencer o Coringa de vez em quando é incrível sim, mas vencer a Leucemia antes de se aprender a atravessar a rua sozinho... Isto sim, caro leitor, é heroico.

           E se Miles diz que o Batman realmente o ajudou, não creio haver argumentos lógicos o suficiente em lugar algum que me façam duvidar de sua existência. Desejo inclusive que o Batman também esteja lá para todas as outras crianças que precisem de sua ajuda, como Miles Scott precisou. 

sábado, 28 de setembro de 2013

1.1. Angie


Era um dia quente em meados de novembro. Angie  apertava com força o cabo de sua grossa espada de aço – embainhada -  com uma das mãos, enquanto com a outra afastava seus cabelos castanhos ensopados de suor da testa. Seu olhar se perdia em algum ponto elevado. Ela usava uma completa armadura de ferro, pesada e resistente, que infelizmente fazia o calor natural crescer em progressão alarmante. Do jeito que estava suando, Angie começava a temer uma desidratação.
- E então, capitã? – perguntou Howard, seu segundo em comando. Howard era um homem com sobrancelhas grossas, pele morena queimada de sol e com um semblante que fazia extrapolarem os palpites acerca de sua idade. Howard estava, igual sua capitã, trajando uma armadura completa, só que lhe faltava a peça do ombro direito. À frente deles, uma grande e íngreme montanha erguia-se até onde a visão da pequena infantaria liderada por Angie conseguia escalar.
Boatos haviam se espalhado pela alta sociedade do reino de que os (poucos) remanescentes da família Morcerick poderiam estar usando a montanha como esconderijo. Motivados pelo sentimento de vingança, a alta corte pressionou o rei Fidelis para que ele mandasse uma infantaria para enterrar até o último membro da família Morcerick, responsável por uma grande traição na década anterior que culminara com uma tentativa fracassada de assassinato do rei, mas que por vias indiretas provocou a morte de seu filho.
Angie ainda tremia quando voltava à sua memória  aquele sentimento que lhe preenchera o peito quando  descobriu a morte do jovem príncipe. Retornava às terras do castelo após um excelente dia de caça para descobrir seu o corpo gelado de seu irmão desfalecido em seus aposentos. Ela gritara e gritara, por meio das lágrimas, até que alguém finalmente apareceu e a afastou do corpo frio. Seu pai, o rei, veio a passos pesados pelos corredores e entrou no quarto acompanhado por 20 soldados armados. Ele olhou impassível o cadáver, e depois seus olhos se concentraram na filha remanescente. Ele tomou sua mão e murmurou palavras doces para que ela ouvisse. Em seguida, rapidamente tomou o caminho da saída do quarto. Angie sentiu o próprio coração cair dentro de sua caixa torácica, olhando do corpo do irmão para o pai que se afastava. Levantou-se num impulso e gritou:
- És mais frio que o corpo agora eternamente imóvel de teu filho, pai! – O rei e sua comitiva estancaram, mas ele não virou o rosto para encarar a filha. Os outros servos presentes nos aposentos a olhavam com tanta pena em suas faces que ela não conseguiu se conter, deixando fluir a necessidade de se expor ainda mais. “O teu filho jaz no chão de rocha nua trajando nada mais que os robes os mais caseiros, dentro da casa que é nossa e dentro do cerne de nossa segurança, claramente vitimado por aqueles que não desejam o teu bem, pai, e tu dás as costas e vais embora? Não tens coração? Não sequer te aproximas  do corpo uma última vez? Que pai é esse?”- ela lutava para terminar as sentenças, pois estava agora aos prantos.
O rei virou o rosto apenas para observá-la, mas logo em seguida deu-lhe as costas, entrou pelo corredor e sumiu de vista, acompanhado de perto pela sua guarda real.
- Devo esperar eu o mesmo tratamento se algum dia encontrarem meus restos expostos e dilacerados n’alguma trincheira afundada enquanto travamos os combates de nosso reino? É isso pai? É ISSO? – ela gritava, e por um momento tentou correr pela porta para alcançar o pai, para fazer sabe-se-lá-o-quê, mas rapidamente 3 soldados atrapalharam seu intento.
Quando levaram o cadáver para a ala hospitalar do castelo, sangue começou a vazar por todos os orifícios do seu corpo. Angie assistiu horrorizada enquanto os robes brancos do irmão iam mudando de cor ao se misturarem com o escarlate de seu sangue. Naquela noite, Angie fugiu do castelo e passou os dois dias e duas noites seguintes perambulando pelas terras próximas, matando animais selvagens e se alimentando apenas do que conseguia manufaturar. Durante o tempo todo, não disse palavra.
Eventualmente vir-se-ia a saber que a causa da morte fora envenenamento; um veneno tão forte e aplicado em tanta quantidade no alimento que após matar o jovem príncipe, começara a derreter seus intestinos. O alimento envenenado havia sido uma cesta de sortes dada por um terceiro comandado pela família Morcerick; isto não foi, entretanto, descoberto com facilidade. Um ano de inquérito se seguiu a essa noite, e houve várias prisões. Infelizmente para a família Morcerick, Angie supervisionara aquele inquérito como se fosse a última coisa que faria. Ela própria sofrera um atentado similar, mas mal sabiam o perpetrantes do atentado que Angie agora só comia aquilo cuja produção e preparo ela supervisionava; que, por sua vez, muito frequentemente consistia daquilo que ela mesma caçava. Um servo acabou falecendo após furtar a tal cesta, e enquanto os guardas reais conduziam Angie pelas vielas da cidade-estado, ela já ruminava suspeitas que apenas se confirmaram quando seus olhos encontraram o corpo imóvel do servo na poça rubra de sangue e colcha que se tornara sua cama. A mulher do rapaz chorava aos soluços enquanto Angie observava a cena, sentindo uma chama ferver seu interior.
Dessa vez, entretanto, Angie estava preparada. Ela tinha seus próprios informantes circulando pelo castelo, infiltrados entre os servos e prontos para conduzir qualquer situação suspeita de forma profissional, atenta e com tanta naturalidade que, após o atentado fracassado, Angie não precisou mais do que conversar com seu informante-chefe para obter uma reconstituição fiel da proveniência da cesta e de quem a havia trazido. A partir daí, o inquérito não tardou mais do que algumas semanas até apontar Matteus Morcerick, o filho mais velho da família, como principal responsável pelo envio dos alimentos envenenados. Com pouco tempo ela conseguiu a ordem real e encaminhou-se com a guarda até a residência da família, onde ela coordenou uma grande matança. As crianças foram separadas de seus pais e enviadas para longe do reino, enquanto os adultos foram esquartejados e suas cabeças postas à mostra nos portões da cidade.
Num contorno triste do destino, no dia em que Angie carregara as ordens do pai, alguns membros da família estavam ausentes em viagem; um deles, claro, era Matteus Morcerick. Desnecessário dizer que desse dia em diante, nunca mais se ouviu falar de nenhum deles.
Até recentemente.
Angie olhava para o cume da montanha, imaginando como que conseguiria subir aquilo. Era muito íngreme; uma pessoa normal jamais conseguiria. Talvez alguém mais treinado e com menos equipamento de guerra, conseguisse; mas ninguém na sua infantaria obteria sucesso.
O que Angie precisava era de... magia. E ela sabia exatamente onde conseguir.
De repente, o celular de Angie começou a tocar, interrompendo a música que saía de seus fones de ouvido.

...

Era seu pai, perguntando onde diabos ela estava e por que ela não tinha aparecido na aula de francês. Ela explicou que tinha finalmente descoberto o endereço do idiota que havia envenenado a ração de Toddie, e que o sujeito morava num condomínio luxuoso no centro da cidade.
- Ah, Ângela... Eu te disse para esquecer isso...- disse seu pai, com um pouco de tristeza na voz. “Eu vou aí te pegar”.
Mas Angie não lhe deu atenção. Logo após a ligação ser desligada, a música voltou a sair pelos seus fones de ouvido e ela já estava na armadura novamente, olhando para o prédio e imaginando como diabos faria para entrar.
Afinal, não era surpresa nenhuma que o rei Fidelis, após anos de aguda paranóia, em toda a sua precaução exagerada, houvesse proibido quaisquer atos de perseguição aos Morcerick. Angie estava ali por conta própria, com os poucos homens que decidiram lutar por sua causa.

...

Entrando no carro, o pai de Angie deu a ignição enquanto murmurava impropérios. Desde que o cachorro de sua filha havia morrido, ela estava em polvorosa. Não que a imaginação de sua filha necessitasse de muito estímulo para abrir asas e decolar, mas deste então a garota ficara em estado quase catatônico. Ia para a escola, voltava, almoçava rapidamente e logo trancava-se no quarto para jogar vídeo games, assistir suas séries, ler seus livros e ouvir sua música. Se em algum momento saía, estava com fones de ouvido e olhos tão distantes da realidade que o resto da família era capaz de passar despercebido. Aliás, a última vez que ela tivera algum contato real com o pai foi para dar-lhe um carão por não se importar mais com o falecimento do animal.
A situação só fez piorar quando, alguns dias depois, Ângela viu acontecer o mesmo com o cachorro do vizinho do outro lado da rua. Aí que a jovem ficou ainda mais reservada, não saindo do quarto senão para ir à escola e a seus cursos.
Aliás, ele não conseguia imaginar qual seria a reação da filha se ela descobrisse quais eventos realmente levaram ao falecimento dos pobres animais. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Concursos Públicos nas nossas vidas

Domingo agora, dia 25 de Agosto, é a prova do concurso público do Ministério Público do Amazonas, e eu gostaria de mandar um alô para os guerreiros que vão fazê-la. Parece que foi ontem que eu estava numa luta idêntica para me preparar para o concurso do Tribunal de Justiça, então eu me vejo obrigado a escrever algumas palavras para os desafiantes dessa próxima grande peleja.
Pra quem não sabe, concurso público é um dos eventos mais disputados do país em questão de mercado de trabalho. É quando os interessados em ingressar na carreira de servidor público veem a oportunidade de finalmente ascender àquele tão sonhado emprego de boa carga horária e boa remuneração, além de prestigioso e estável. E é quando esses mesmos interessados se veem esmagados por editais com conteúdos programáticos simplesmente quilométricos, esperando para matar ou morrer, numa corrida que mais parece impossível do que plausível. E como se as provas já não exigissem bastante do candidato, ainda tem a concorrência: vêm gente do país todo pra sua região, atraídos pelo odor da oportunidade. Gente que você não conhece, gente que pode ter se preparado melhor que você, gente que está apostando mais alto que você... Inimigos mais do que letais.
Eu sei como é essa tensão pré-concurso. Eu agora estou falando com a galera que, como eu no concurso anterior, não tem vergonha de admitir que se preparou, que está com as fichas na mesa e apostando alto.
Foram meses e meses estudando, né? Tanta coisa que vocês deixaram de fazer. Tanta vida social e tanta juventude deixada de lado, sonhando com o momento em que vocês finalmente vão poder voltar para casa e dizer para os pais de vocês “Ei gente, eu conquistei um pedacinho do mundo, sabiam? Eu existo. Eu faço acontecer!”. Mas lembrem-se que é um olho no prêmio e um olho no treinamento, o tempo todo.
Primeiramente, não se permitam sentir na mente de vocês que vocês já pertencem ao lugar onde querem entrar. Nada de se materializar aprovados, jamais. Enquanto vocês se virem como o estrangeiro faminto olhando pela janela, vocês vão poder focar em se preparar para derrubar a porta que os separa do calor e do aconchego que há lá dentro. Não se permitam sonhar muito e morrer de hipotermia lá fora, sozinhos e no escuro da noite.
Segundo, garra. Gente, sério, vocês já se imaginaram lutadores? Lutadores como aqueles que a gente vê na TV, no MMA e no Boxe? Não? Porque se não, tá na hora. Aqueles caras acordam e tem o cronograma do dia todo programado. 8 AM, Jiu Jitsu, 11 AM, Muay Thay, 13 PM, almoço... E vocês? 8 AM, Constitucional, 11 AM, Administrativo, 15 PM, resolução de questões... Vocês acham que eu estou brincando? Que eu estou me deixando carregar pelas minhas palavras? Não, eu estou falando de uma situação real, de um cotidiano tão real que cria marcas. Quem aqui nunca sacrificou o bem estar físico na busca por esses sonhos de aprovação? Quem aqui não teve que se virar um cronograma desses? Quem nunca ficou realmente doente nessa corrida? Eu sei que eu tive de tudo: enxaquecas, dores nas costas, pelo corpo todo, enjoos e até um princípio de gastrite. E é aí que entra a Garra: é a vontade de conquista, de disciplina e determinação mesmo em face da decepção. Meu deus, e as questões que você faz e erra? O tempo todo! As provas anteriores que você refaz e refaz e ainda assim não consegue acertar uma quantidade satisfatória de questões!
Já passei por isso. Já me frustrei muito, já me deixei desesperar. Já atirei todo o material de estudo no chão tantas vezes, já até quebrei canetas com as mãos em momentos de raiva (2 vezes). Uma vez fiquei tão estressado com o meu desempenho que fui dormir 7 horas da noite, porque não conseguia mais me concentrar. Mas aí, você, colega que se dedica também, sabe o que acontece. Nós, eu e você, acordamos no dia seguinte, limpamos a mente e voltamos pro treino. Mais uma sessão de sparing, vamos lá. Refazer aquela prova (de novo e de novo). Tudo de novo, do início. Garra! Cada gota de suor agora é uma lágrima a menos no futuro.
Terceiro, e talvez mais importante: aceite que você pode não ser aprovado, perder tudo. Perder é sempre uma opção, como já diz um certo lutador norte-americano. Derrota é, na verdade, a mais imediata e valorosa, em termos de custo-benefício, opção que há. Você pode não aceitar o risco. Você dizer “Ah, deixa pra lá”. Convencer-se de que aquilo não é pra você. Você pode aceitar o seu lugar como aquela pessoa que anda por aí, feliz em poder dizer “Não passei, mas também nem estudei”. Como se isso valesse os dois centavos furados do seu bolso. Como se houvesse alguma hipótese em que “não estudar” te ganhou alguma coisa. Como se você estivesse mais próximo dos seus sonhos agora. Novidades: você não passou. Isso é chato. Mas você não se dedicou? ISSO é idiota. Isso é falta de previdência. É impossível achar alguém que tenha se danado mais por isso do que... você. Se você não vai passar, que seja estudando. Sério, estude mesmo. Entre na linha de frente: só ganha alto quem aposta alto. Não passou? Tem um próximo. E adivinha: você já tá na vantagem se você se dedicou antes.
E mais uma vez eu friso: nada de se colocar num lugar em que você não está. Nada de dizer que já passou sem nem ter feito a prova. Nada de fazer planos ou promessas, porque o sofrimento desse tipo de fracasso é muito próximo ao insuportável, e provavelmente vai te desestabilizar e desmotivar pelos concursos seguintes. Pode parecer insano, mas é importante que vocês lembrem que uma coisa que vocês nunca tiveram não deve atrapalhar vocês em conseguir outras, possivelmente até melhores que a que vocês deixaram passar!
A vida é assim, altos e baixos. O que fica é o seu coração e a sua preparação. Estejam sempre prontos! O sucesso não vem aos que dormem. Quando sentarem-se na cadeira de prova no dia do concurso, apreciem por um momento as folhas a sua frente. Sem abri-la! Apenas observe-a. Pense no quanto você batalhou para estar ali. Pense em como você merece gabaritar aquela maldita. De repente, lembre-se: aquela prova, aquela desgraçada ali na sua frente, a uma palma de distância depois de meses evadindo e prometendo desafios, ela é vai ser a melhor coisa que já te aconteceu. Ela é a sua melhor amiga, ela é o seu amor. Sabe por quê? Porque ela é o seu trabalho. Ela é a sua chance de mostrar o que você veio provar. Ela é tudo o que você queria. De repente, ela não é mais assustadora. Ela não é maligna. Ela é só as suas próximas 4 horas. Depois você vai pra casa, comemorar, de preferência.
Eu sei que eu fiz isso.
Então, basicamente é isso. Muita boa sorte aos meus queridos que vão prestar o concurso e que tem no coração a certeza de que fizeram tudo o que puderam para se preparar. Lembrem-se, o prêmio de Nocaute ou Submissão da Noite é pra pouquíssima gente, mas o prêmio de Luta da Noite tá só esperando você, que se dedicou que nem um louco pra conseguir o que quer!
Rumo ao MP, galera!