domingo, 9 de janeiro de 2011

Cenas de uma viagem- Translação.

Então, Manaus - Fortaleza. Um pouco a contra-gosto, um pouco curioso, eu saio em meio à uma partida de Halo que estava apenas no início, e prometia esquentar; mais ou menos 15 hrs da tarde de quinta-feira, dia 30. Para quem já viu o Sol raiar no meio dos assassinates e dos killing sprees, isso é no mínimo ultrajante. 
Mas tudo bem, tudo bem.
Agora são 20:27 exatamente, horário Manaus, e eu estou no avião. Sem caça-palavras e revistinhas do gênero, que parecem ser os maiores atrativos de qualquer viagem de avião. Vôo pela Gol, e devo dizer que certos pontos do cronograma de bordo são, ao meu ver, comicamente questionáveis.
Por exemplo, antes do avião decolar, o comissário de bordo descreve o tipo de coisa que nós devemos fazer caso enfrentemos qualquer tipo de percalço durante a viagem: qualquer coisa, senhores passageiros, luzes de emergência se acenderão e indicarão o caminho mias certo até a saída de emergência mais próxima. Onde, acho que ele esqueceu de falar, os senhores poderão esticar suas asas e abandonar calmamente a aeronave. Porque, claro, em caso de qualquer coisa no meio do vôo, a minha vontade de correr até a saída mais próxima e abraçar uma queda radical porém fora do avião será irrefreável. Beleza. Eu acho, senhor comissário, que esses procedimentos são meio furados, de boa. Olha, acho que se acontecesse algo grave durante o vôo, o certo seria que a equipe de bordo se apressasse para servir o máximo possível da tripulação com champanhe ou, sei lá, me faz um inferninho aí. Porque cara, se você parar pra pensar, aconteceu algo com uma nave à sei lá quantos mil pés do chão, abraços. Eu ligo o foda-se, e se der tempo ainda escrevo um post pro blog reclamando do atendimento. Que caixa-preta que nada, a culpa é do fdp do piloto lá que esqueceu de passar a marcha, me pronuncio logo.
Depois, eles apagam as luzes, tranquilo, foi passada a sugestão da soneca. Eu aperto logo o botão de reclinação da cadeira, super ansioso,e ela se reclina tipo 1 grau. O quê? Como assim? Já reclinou, ou eu tive um princípio de vertigem? Esse foi o mecanismo de reclinação ou foi o gordo da cadeira de trás que acomodou o joelho? Po, brother. Não me calunie. Sabe o que eles conseguiram, com essa cadeira? Eles acharam a inclinação perfeita, entre o confortável para sentar e o confortável para deitar, isto é, o desconfortável para ambos. Parabéns galera, mais um dia, mais um milagre da engenharia. Porra, próxima coisa que eu sei a Skynet tá ativando os Arnold Schwazinnegers pra me matar. Cadeiras plenamente desconfortáveis são só o primeiro passo no plano das máquinas de subjugarem os seres humanos. Fica pior porque nem travesseirinho eles trazem, de forma que eu tenho que usar as minhas próprias vértebras para acomodar a cabeça, sei lá.
Outra coisa que me chamou atenção foi no horário do lanche. Eu acordo com uma dor grotesca no pescoço, meio que agradecendo por não ter ficado é tetraplégico durante o sono ( o que seria uma vitória para as máquinas), e lá vêm o serviço de bordo, com o abençoado carrinho de gostosuras. Lembro de quando era pequeno, que serviam uns pratos legais de frango com arroz e salada e umas sobremesas bacanas, coisa do tipo. O cara me pergunta então, Algo para beber, senhor? , ao que respondo, peito inflado, sorriso dando a volta na nuca, Coca Cola!, ao que recebo em troca um seco e contundente Só temos pepsi. Nessa hora eu me levanto de supetão e tento imitar o linguajar islâmico enquanto agito a minha bolsa, mostrando que se trata de uma bomba e que tá todo mundo ferrado. Não, é brincadeira; eu guardo essa constatação acerca dos suprimentos bebericatícios do avião bem no fundo do coração enquanto luto para me adaptar a esse novo conceito de realidade imposta. Aceito a pepsi, e espero para ver qual é a próxima tragédia. Não, senhores, eles não me entregam amendoins. Até porque eu gosto de amendoins, e eles tem dever contratual de não agradar os passageiros. Então eles me entregam um pacote do que eu só posso supor que sejam pequenos pedaços de isopor com pitadas de sal. Beleza.
Não se proporcionam mais viagens de avião como antigamente.

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