terça-feira, 6 de julho de 2010

Da prateleira bélica

http://www.youtube.com/watch?v=uSMlIM9zLio
Você pode viver o bastante para ver tudo o que há para ser visto. Um amanhecer aquarelado, daqueles que derramam o laranja mais vivo e eletrizante que tecnologia alguma jamais conseguirá reproduzir, quando o sol exerce soberano e altruísta sua doação mais inconsequente. Você pode conseguir presenciar o momento simplesmente exato de uma noite em que o raio dos raios corta toda a criação numa batida de coração, suas veredas se esbanjando em todas as direções e iluminando todos os sorrisos e lágrimas do mundo, para então se enraizar funda e dramaticamente no solo, o que vem a ser precisamente o lembrete de que necessitamos de que Deus ainda caminha entre nós, e está em cada vitória e em cada superação. E quem sabe você um dia poderá ser o dono de palavras que mudarão o mundo, palavras que viajarão através dos únicos continentes inóspitos entre si, quiçá inimigos um com o outro, que são as mentes humanas.
Nada disso, entretanto, se compara, mesmo que de perto, à profusão violenta de sentimentos que estouram no peito de uma pessoa que vê seu ente querido, tão querido, adentrar na sala pela porta da frente, inda de macacão camuflado; um estranho em seu próprio lar, deslocado do que é certo e justo. Um abraço, um beijo, você voltou. E pouco do que você verá será tão belo e impactante, rápido e decisivo, emocionante e surpreendente quanto a face de um filho em metamorfose quando do momento único que é a volta de um pai das entranhas da morte. Quando sua face se contorce em expressões esticadas e se esparrama conformada no rosto, para culminar então, sempre, numa perfeita gravura do que deve ser a piedade divina; o choque, a confusão, o entendimento; são sentimentos e expressões serenadas na pele.

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